“Nha Mae” [Minha Mãe] é o título de um tema de Hip Hop escrito e cantado em português e crioulo cabo-verdiano por um grupo de três jovens de Povos, Vila Franca de Xira. Jony Timpeira (nome artístico: Need-J), 24 anos, trabalha na pintura de estradas. Ruben Gonçalves (Ruda), 20 anos, trabalha em tudo o que aparece e Lito Barbosa, (Lipy-Gi), 28 anos, é operário fabril. “Oh minha mãe/ Amo-te até ao fim do mundo/ O sentimento que sinto por ti/ É do mais puro e profundo (…) Amor de mãe é mesmo assim/ É puro e não tem fim/ Tu sabes que estou aqui/ E vou amar-te até ao fim”. Fazem música para espantar o estigma que existe no bairro e provar que o hip hop também pode passar uma imagem positiva. Chamam-se “Sk9” e inovaram no estilo. “O rap que ouvíamos só envolvia tiros e facadas. Quisemos falar sobre coisas sentimentais”, explicam. O grupo surgiu em 2003 mas os três elementos trabalham juntos desde 2008. “Todos os bairros tinham uma música e a gente não tinha”, revela Jony. Daí até à primeira letra foi um saltinho. Escrevem e cantam sobre o amor de mãe, têm canções dedicadas ao pai, às namoradas e reflectem sobre muitas outras situações da vida. Cada música é um produto dos três. Escrevem, compõem e cantam. O primeiro som foi gravado num mp3. A montagem foi feita com recurso a um site de sons que permite o download legal. As músicas são já cerca de uma centena e estão alojadas no YouTube. A família leva a paixão a sério. Não ganham dinheiro e fazem música por amor à camisola. Querem explorar o melhor que a música tem. “Hip hop é bom e não é um drama como toda a gente pensa”, desmistificam. Ana Santiago