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Cartaxo é terra de gente dinâmica mas que não gosta de política

Na abertura de mais uma Expo-Cartaxo ficámos a saber que, de um modo geral, os seus habitantes não se intimidam com os problemas nem lhes voltam as costas. Pessoas dinâmicas e sociáveis não perdem muito tempo a cismar nas dificuldades preferindo gastá-lo a encontrar soluções. Alguns dos entrevistados já foram convidados para integrar partidos políticos ou para se candidatarem a cargos públicos mas recusaram. A política não é uma actividade bem vista.

Sara David, 21 anos, administrativa, CartaxoCartaxo deve voltar a ser a “Las Vegas do Ribatejo”Sara David diz que a melhor forma de resolver os problemas é tentar resolve-los de forma coerente e não tentar prejudicar os demais. A jovem residente no Cartaxo, 21 anos, diz que tenta ser positiva em todas as ocasiões e muito dificilmente se deixa ir abaixo, mesmo que meta negócios ou temas pessoais. Já foi convidada para integrar um partido, mas não gosta de política. Recusou porque a política não lhe desperta interesse nem tem preferência por um emblema partidário, nem sequer a pensar numa carreira promissora. Natural de Coimbra, Sara David acha que o carácter jovem do Cartaxo se faz notar e que as pessoas são abertas e sociáveis. “Só acho que o Cartaxo precisa de mais espaço para jovens, mais noite. Dantes era a “Las Vegas” do Ribatejo e hoje tudo fecha. Talvez o novo espaço de bares e restaurantes ajude. O parque central ficou bonito, só é pena a estátua do Marcelino Mesquita não ter ficado melhor enquadrada com a câmara para se tirar fotografias”, comenta.Cristina Gomes, 41 anos,comerciante, Vale da PintaInovação é a única maneira de fazer viver o comércio “Rir é o melhor remédio”, garante Cristina Gomes, quando tudo à volta parece desabar. Olhar a vida em frente e ser optimista é política sua, mesmo nos negócios. E nesses, há sempre mudança. “Temos que ir à procura de alternativas com espírito de optimismo. Estamos sempre à procura de mudança, sempre à procura e atentos a novas soluções, novos modelos e novos preços”, explica a comerciante de mobiliário de cozinha. A falta de educação é o que a deixa mais transtornada no dia-a-dia, mas considera que isso se pode dever ao facto de as pessoas andarem mais cinzentas e menos tolerantes numa fase negra do país.Cristina Gomes já foi dirigente na associação de estudantes no tempo de escola e na Associação Comercial do Cartaxo, e até já foi convidada por PS e PSD para assumir cargos políticos no Cartaxo, mas recusou. “Sou um bocadinho apartidária e não faz parte dos meus planos. Se calhar era capaz de ser política na minha terra, Castelo Branco, mas não no Cartaxo”, analisa.Gosta de viver no Cartaxo, considera que as pessoas são solidárias e gostaria que a rua onde vive, em Vale da Pinta, tivesse mais iluminação.Lydie Carnier, 62 anos, comerciante, Casais das ComeirasLimpar a cidade e tapar os buracos da estrada para PontévelEm plena crise, Lydie Carnier acaba de apostar numa nova loja de artigos de dança como ballett, salão, hip-hop, sevilhanas, jazz, entre outras. Esta francesa radicada no Cartaxo há muitos anos tem ajudado novas gerações de cartaxeiros a dançar como professora de ballet na Sociedade Filarmónica Cartaxense.“Há que continuar a trabalhar e enfrentar cada dia para tentar realizar e resolver os problemas. Este é um lema para quem gere um negócio como para quem gere a vida em geral”, comenta. Se um cliente não fica satisfeito com o serviço que presta, Lydie confessa que fica desolada. O mesmo acontece se as meninas não correspondem aos seus pedidos durante as aulas de ballett. Sempre foi professora na SFC e nunca integrou os órgãos sociais de uma associação. Não liga muito a política mas não se importava de experimentar a política. “O único problema era não saber bem o português”, graceja.Lydie Carnier veio da Normandia, de Le Havre, e gosta de viver no campo, num meio pequeno como o Cartaxo. Pela negativa, diz que a cidade é bastante suja e que a antiga estrada de ligação entre Cartaxo e Pontével por onde passa diariamente “está horrível e com muitos buracos”.Nuno Miguel Maia, 34 anos, gerente comercial, AlmeirimPessoas do Cartaxo são sociáveis e dinâmicas Nuno Miguel Maia nasceu em Ortiga, concelho de Mação, vive em Almeirim e trabalha no Cartaxo como comerciante de material eléctrico para o automóvel. Apesar de toda a crise e também no sector automóvel, o comerciante lembra que os carros precisam de andar e abastecer-se de peças, por isso o negócio tem estado a corresponder.Já não acha tanta piada à carga fiscal que incide sobre o negócio, não apenas a actual como a de há vários anos. “Pesa muito todos os meses. É triste pagarmos o IVA a 45 dias e recebermos a 60, 90 e 120 dias. Por isso é que não forneço para o Estado”, garante Nuno Miguel Maia.Para si é essencial manter um sorriso na cara mesmo quando há forças negativas em redor, pensar no caminho a seguir e esquecer os factos negativos. Sobre política, Nuno Miguel Maia diz que quer continuar afastado desse mundo e também nunca esteve ligado a associações.Gosta da simplicidade das pessoas da sua terra natal mas não perdeu com a mudança para o Cartaxo onde diz ter encontrado pessoas dinâmicas e sociáveis. José Martins, 64 anos, comerciante, CartaxoHá que dar tempo para ver como resultou o parque central e nova rua BatalhozAtrás do balcão da Casa da Fortuna, na rua Batalhoz, José Martins vende jornais, revistas e jogo. A principal artéria comercial da cidade foi renovada e desemboca no novo Parque Central do Cartaxo. Mas José Martins considera que ainda é cedo para analisar resultados. “Há que dar tempo ao tempo, as pessoas ainda andam a apalpar terreno, as pessoas ainda vêm só por vir. Mas gostei do visual da praça”, comenta. O negócio tem-se mantido apesar de as pessoas gastarem menos por haver menos dinheiro disponível, mas o comerciante tenta sempre pensar positivo e conceber que o amanhã será melhor.Natural de Alcoutim, José Martins está no Cartaxo há 50 anos e já colaborou com o Ateneu Artístico Cartaxense, mas sem ser dirigente. Tem saudades da sua terra mas guarda do Cartaxo bons momentos. “As gentes são ordeiras e sociáveis. O pior é a degradação da cidade em termos gerais, que está mais desmotivada à volta do parque central pela falta de empregos industriais e a Capital do Vinho nem sequer tem um armazém do vinho”, constata. Nuno Curado, 39 anos, gerente comercial, SantarémO pior é quando deixam de pagar e não dizem nada“Proteger-nos a nós próprios e prevenir” é a melhor atitude quando o vento sopra contra em vez de ir de feição, na vida ou nos negócios. Nuno Curado está há pouco mais de ano e meio à frente de uma loja de consumíveis informáticos no Cartaxo e diz que investiu o necessário para esperar que o negócio se consolide, mesmo em contexto de crise.Dizer que não lhe pagam é o que mais contribui para estragar o seu dia, como a boa parte de empresários e comerciantes, o que se agudiza quando a “novidade” vem de uma câmara municipal. “Deixam de pagar e não dão qualquer justificação”, garante.Nuno Curado já pertenceu aos corpos gerentes do Moto Clube Moçarria Aventura, de Santarém, mas apenas pela ligação ao motociclismo. Tão cedo não repete. Diz que lhe chegou um mandato. Quanto à política, confessa que nunca foi convidado para assumir cargos nem aceitaria tal convite. “A política hoje em dia tem muita fachada”, refere. Sobre a realidade do Cartaxo considera que as novas atenções estão voltadas para o novo parque central, esquecendo as pessoas que à volta da cidade não há sequer alcatrão em condições.

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