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Maria da Nazaré

Maria da Nazaré

53 anos, Ceramista, Samora Correia

A greve serviu para empobrecer ainda mais um bocadinho o nosso país e dar tempo de antena a alguns partidos políticos. O nosso país está mal porque andámos durante largos anos a consumir mais do que aquilo que podíamos pagar.

O casamento é uma cerimónia que está em vias de extinção?Talvez o casamento com cerimónia esteja. Mas se olharmos para o casamento como a união de duas pessoas, que numa determinada altura da sua vida se encontram e acham que estão bem uma para a outra, já não. Ouvimos cada vez mais os jovens a dizer que não querem casar, mas à medida que os anos vão passando, queremos assumir determinados compromissos. Sabe bem chegar a casa e ter alguém com quem conversar sobre o nosso dia. A Greve Geral de 24 de Novembro serviu para alguma coisa?Eu trabalhei tal como muitas outras pessoas. Não foi para ser diferente, mas porque achava que precisava de trabalhar. A greve serviu para empobrecer ainda mais um bocadinho o nosso país e dar tempo de antena a alguns partidos políticos. O nosso país está mal porque andámos durante largos anos a consumir mais do que aquilo que podíamos pagar. Já começou a cortar nas despesas?Não, porque sempre me governei de acordo com os meus rendimentos. Não vale a pena gastar mais do que aquilo que se tem, porque o dinheiro não estica. Mesmo não ouvindo à noite o sino do relógio da Câmara de Benavente, defende a continuação das badaladas nocturnas de 15 em 15 minutos?Desde que vim morar para Samora, já me habituei a ouvir a sirene dos bombeiros quando toca durante a noite. Não podemos chegar a um lado e querermos mudar algo só porque nos incomoda. As pessoas têm as suas tradições e estas pequenas coisas também fazem parte do encanto das terras.Na época natalícia toda a gente se lembra repentinamente dos mais pobres. Tem pena que no resto do ano não exista a mesma atenção?Se calhar é uma forma de nos redimirmos de tudo o que correu mal durante o ano. No fundo, esta época também apela à compaixão do ser humano. É claro que esta atenção aos mais pobres deveria ser uma atitude permanente. Sempre que contribuímos para o bem-estar comum, estamos a ajudar-nos a nós próprios. Em casa costuma ter árvore de Natal?É uma tradição que vem da infância. Prefiro sempre o pinheiro natural, mas como não quero contribuir para a dizimação dos pinhais, comprei um artificial que reutilizo todos os anos. Perco sempre uma tarde com toda a família para o decorar. Os enfeites são sempre os mesmos, mas sabe muito bem renovar por mais um ano a tradição. Mais uma vez a Câmara de Benavente não vai gastar dinheiro com a iluminação decorativa das ruas na época natalícia. Concorda com esta contenção?As luzes já fazem parte do nosso imaginário de Natal. Não era preciso gastar tanto dinheiro, mas gostava muito de ver as nossas ruas com algumas luzes. Os comerciantes saem prejudicados porque as luzes sempre despertam o espírito das pessoas e levam-nas a comprar alguma coisa. A comida na mesa é imprescindível para não morrermos à fome, mas não é a única coisa que nos alegra.
Maria da Nazaré

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