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“O sexo é excitante, é a vida, e está na cabeça de toda a gente”

“O sexo é excitante, é a vida, e está na cabeça de toda a gente”

A pintora Sónia Lapa explora nos seus quadros o tema da bissexualidade

Há 25 anos que Sónia Lapa desenvolve a sua actividade artística no concelho de Benavente. Defende que antes de nascer todos são bissexuais e, por isso, encara com naturalidade o amor entre duas pessoas do mesmo sexo. “La Mise en Scène d’Ofélia” é a sua próxima exposição que tem inauguração marcada para sábado, 3 de Dezembro, no Centro Cultural de Samora Correia.

Há 15 anos, Sónia Lapa realizou uma exposição de pintura em Benavente e teve alguns professores a mandarem tapar os quadros com um pano por considerarem as obras demasiadamente sexuais. Mais recentemente expôs no concelho uma série de desenhos a carvão de mulheres e recebeu muitos elogios por parte de algumas freiras que visitaram a sua exposição. A pintora que tem casa em Samora Correia, Benavente, explora o tema da bissexualidade e mostra nesta nova experiência quadros de homens vestidos com roupa interior de mulher.Sónia Lapa, de 41 anos, está habituada às mais diversas reacções à sua obra e quando foge ao seu registo habitual, o público do concelho de Benavente até estranha. A mulher colocada no centro do mundo está quase sempre presente na sua arte. Não desvaloriza o ser masculino, até porque considera que os dois são essenciais para o mundo andar, mas é a mulher que mais gosta de explorar. O sexo está presente nas suas obras porque “o sexo é excitante, é a vida, e está presente na cabeça de toda a gente” explica. “O mal da nossa sociedade é que ainda tem muitos preconceitos em relação ao sexo e o que eu pretendo é lutar contra a maneira lasciva com que muitas pessoas ainda o encaram”, explica. Na exposição que abre no sábado no Centro Cultural de Samora Correia vamos encontrar Ofélia, uma personagem que criou inspirada numa fotografia de si própria que tirou em Veneza em 2008. A partir daqui criou uma série de quadros que retratam um universo sensual, onde se pode ver um homem em lingerie. “Antes de nascer somos todos bissexuais e depois é que vem o factor reprodução. Temos de nos aceitar como somos, seres vivos sexuais. Para mim é perfeitamente natural ver duas mulheres ou dois homens juntos”. Desde pequena que Sónia Lapa desenhava tudo o que encontrava à sua volta. Mal cresceu, enveredou pela formação artística, tirando cursos nas mais diversas áreas. Fez audições para um curso de teatro e depois de se estrear em cima do palco achou que ia mudar o mundo.”É muito difícil ser artista em Portugal e se não queremos passar fome, temos mesmo de procurar outros caminhos. Especializei-me em hotelaria para conseguir sobreviver”, conta a artista que trabalha como comercial num hotel em Lisboa. Vê a pintura como um universo muito próprio, íntimo, e não deixa ninguém ver os seus quadros enquanto não estiverem terminados. O vermelho salta à vista e as cores terra também. Mistura várias técnicas de pintura. Trabalha com óleo, carvão ou tinta acrílica. A base é desenho a carvão. Dos artistas preferidos destaca o Van Gogh, Paula Rego, o Júlio Pomar e o Ricardo Paula. Pensa que cada artista deve encontrar o seu caminho e a sua técnica. Mas se não tiver qualquer talento, ou fogo dentro de si, não vale a pena. A exposição vai estar patente até ao dia 3 de Março. Vai contar também com uma instalação de Joaquim Salvador.A artista que encontrou a paz e o sossego em Samora CorreiaSónia Lapa mora em Lisboa, mas passa quase todos os fins-de-semana em Samora Correia, de onde é natural o companheiro Joaquim Salvador. Nasceu em Luanda, África, mas veio para Portugal com dois anos e meio. Sempre viveu em Lisboa, a cidade de berço. “Preciso daquela parte urbana, de ver pessoas de vários países no Chiado, de todo aquele ambiente cosmopolita”, revela. Olha para Samora Correia como a cidade madrasta que a acolheu com muito carinho e encontra aqui a paz e sossego que precisa para desenvolver a parte cultural. Considera que Samora Correia tem uma actividade cultural extraordinária e existem cada vez mais pessoas a quererem desenvolver projectos artísticos.
“O sexo é excitante, é a vida, e está na cabeça de toda a gente”

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