Novo presidente do Agrupamento de Escolas de Samora quer combater desinteresse dos pais em relação aos estudos dos filhos
Carlos Amaro quer devolver à escola a imagem de autoridade
O novo presidente do Agrupamento de Escolas de Samora Correia, concelho de Benavente, Carlos Amaro, quer abrir a escola à comunidade. O fenómeno da multiculturalidade, o elevado desemprego ou a falta de acompanhamento dos pais em relação aos filhos são algumas das situações que já identificou e quer combater.
Carlos Amaro é o novo presidente do Agrupamento de Escolas de Samora Correia. Embora nunca tenha trabalhado no concelho, vem cheio de vontade de conhecer a realidade social local e de abrir a escola à comunidade. Está preparado para se deparar com escolas multiculturais, onde existem algumas etnias com uma presença muito forte. Tornar o agrupamento numa referência e devolver à escola a imagem de autoridade são alguns dos objectivos a que se propõe. Carlos Amaro, 55 anos, espera conseguir criar uma sinergia entre todas as organizações do concelho para que todos juntos consigam resolver os conflitos que envolvem a escola e a comunidade. “A política da nova direcção é de abertura e quero ter uma boa relação com a comunidade. As escolas ainda se fecham dentro de quatro paredes, o que para mim é impensável”, refere o dirigente que mora em Alenquer. Um dos maiores problemas que já identificou nas escolas de Samora Correia é a multiculturalidade. “Temos aqui diversas comunidades e embora isso traga muitos aspectos positivos, também gera muitos conflitos”, observa. O desemprego elevado que se regista na cidade, a existência de muitas famílias monoparentais que não acompanham devidamente os filhos e os parcos rendimentos das famílias com filhos em idade escolar, são outros problemas acrescidos que detectou em Samora Correia e que com o actual contexto social agravam ainda mais o clima de desconforto e contestação. “Como estamos na escolaridade obrigatória era normal que chegássemos ao fim do nono ano com o mesmo número de turmas que entraram no quinto ano, mas não é isso que acontece aqui. O número de turmas vai sendo progressivamente menor, o que significa que alguma coisa não está bem”, alerta. A solução para o novo director passa por apostar mais nos Cursos de Educação e Formação de Jovens (CEF) e acabar com o preconceito de que estes cursos servem para meter os alunos que se portam mal no ensino regular. Os equipamentos saturados ou a falta de funcionários são outra das realidades deste agrupamento que Carlos Amaro vai tentar contornar, tal como a tão falada falta de autoridade da escola. “Nos últimos anos, a escola tem perdido a imagem de autoridade para passar a ser um sítio para onde se enviam as crianças que estão a chatear em casa. Os mais jovens não têm expectativas. Os objectivos sociais em relação à escola perderam-se, mas espero contribuir para dar a volta a esta situação”, aponta o presidente que vê os pais a demitirem-se das suas responsabilidades à medida que o progresso escolar aumenta. Em relação ao castigo polémico aplicado às crianças pela direcção do Agrupamento de Escolas do Porto Alto, concelho de Benavente, que proibiu os alunos de almoçarem na cantina durante dois dias devido ao mau comportamento, o novo director não se quis pronunciar por considerar ser um assunto interno desse agrupamento. Recorde-se que no passado dia 4 de Novembro, nove crianças fugiram das auxiliares na via pública quando regressavam do almoço na Escola EB 2,3 para a Escola Nova do Primeiro Ciclo. Todos os dias as crianças, com idades entre os 6 e 9 anos, realizam um percurso de 300 metros entre os dois estabelecimentos para almoçarem na cantina e participarem nas Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC’s). Nesse dia a direcção não esteve com meias medidas e resolveu enviar um recado na caderneta dos alunos para os pais a avisar que as crianças ficavam impedidas de almoçar na cantina durante dois dias, o que deixou os encarregados de educação indignados já que não consideraram o castigo pedagógico e não podiam ausentar-se do emprego para irem buscar os meninos.Tornar o agrupamento numa referênciaCarlos Amaro era amigo do ex-presidente do Agrupamento de Escolas de Samora, César Barreira, que faleceu em Agosto deste ano devido a uma doença oncológica. A decisão de se candidatar à presidência do agrupamento tem por isso uma parte emocional. Carlos Amaro espera agora demonstrar que o voto de confiança foi merecido. Numa nota final do seu projecto de intervenção, Carlos Amaro expressa o desejo de tornar o agrupamento numa referência: “A determinação que me assiste está fortemente vinculada à crença de que o Agrupamento de Escolas de Samora Correia, pode e deve, começar por tornar-se numa referência, tentando com o apoio da comunidade e dos autarcas, ultrapassar algumas referências menos satisfatórias de domínio público”.O novo director já ocupou diversos cargos de gestão na administração de escolas. Destaca-se o cargo de presidente da Comissão Executiva Instaladora da Escola Básica Integrada de Sobral de Monte Agraço, entre 2003 e 2005. Entre 1990 e 1994 desempenhou o papel de Presidente do Conselho Directivo da Escola Dr. Sousa Martins, em Vila Franca de Xira. Também em 1979 e 1980 foi nomeado para o Conselho Directivo da Escola Secundária de Queluz.
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