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Uma claque de andebol que se move por amor ao clube e à terra

Ultras NASC gritam pela equipa durante os 60 minutos de jogo

Não são só os grandes clubes de futebol que possuem claques. Em Samora Correia, concelho de Benavente, existem os Ultras NASC - Núcleo de Andebol de Samora Correia, que puxam pela equipa de andebol de seniores até que a voz comece a fraquejar. São cerca de 60 minutos, com um intervalo pelo meio, a gritar e a bater palmas ininterruptamente. O que os move é o amor pelo clube e também o amor por uma terra, Samora Correia. O MIRANTE esteve a assistir com a claque a mais um jogo para a Taça de Portugal que decorreu na passada quinta-feira, 1 de Dezembro, entre o NASC e o Académico FC, no Pavilhão Gimnodesportivo de Samora Correia.

O jogo ainda não tinha começado e na bancada já se preparavam algumas bandeiras. Os primeiros adeptos a sentarem-se trazem um cachecol dos Ultras NASC ao pescoço e vão colocando a conversa em dia. Se as claques passam na sua grande maioria uma imagem negativa, a do NASC não poderia ser diferente. Na sua grande maioria, são jovens entre os 15 e os 25 anos, vestidos de calças de ganga e ténis. Diogo Santos, 22 anos, apresenta-se de óculos escuros e é o principal impulsionador. Incansável, puxa pelos amigos durante os 60 minutos de jogo, sempre voltado para a claque e de costas para o jogo. Foi depois de um jogo com o grande rival, a ADCB - Associação Desportiva e Cultural de Benavente, que um grupo de amigos, a maior parte praticante ou ex-praticante de andebol do clube, resolveu criar os Ultras NASC. É aliás no andebol que a tão propalada relação de amor e ódio entre Benavente e Samora Correia tem o seu máximo apogeu. A ADCB estragou a disputa por ter subido à segunda divisão e por isso já não joga no campeonato com o NASC, que permanece na terceira divisão. Mesmo assim, a ADCB continua a inspirar os ânimos da claque samorense que exibiu neste jogo um cartaz onde debaixo de um grande porco se lia “anti-benaventeiros”. No passado já existiram jogos, onde até teve de ser chamada a polícia para ajudar a serenar os ânimos, mas a claque garante que confrontos físicos só acontecem com Benavente entre os apoiantes das equipas de Samora Correia e Benavente. Já com o Porto Alto a relação é mais amigável. “Talvez por estarem mais perto de nós, não existe tanta guerra”, assegura Diogo Santos. O jogo começa e no cimo da bancada estão os mais pequenos, das escolas do clube, que seguram também cartazes do clube e gritam pelo NASC implacavelmente. Por aqueles lados, a adrenalina também já corre nas veias. “Venceremos, venceremos, o NASC vai ganhar o jogo, e nós cantaremos para vocês”, começa o grupo de cerca de duas dezenas a cantar e a bater palmas ao mesmo tempo. À medida que o tempo avança, os nervos crescem, e começam a surgir os insultos ao árbitro que vão desde o “assassino”, “urso” ou “burro”, e termina em nomes que não se podem escrever. Há um adepto que insiste que o árbitro tem palas nos olhos e só consegue ver para a frente, roubando o NASC a torto e a direito, que por acaso até vai com vantagem. “Sou NASC até morrer, sou NASC até morrer”, ouve-se novamente. Os cânticos vão variando e resultam de muitas músicas conhecidas que são adaptadas pela claque à realidade do clube. Pedro Rosinha e João Campos, outros dois adeptos, são unânimes no motivo que os leva a integrar a claques - o amor pelo clube. “Somos importantes para a equipa e eles sentem quando estamos presentes”, diz Pedro Rosinha. Emoção e adrenalina são duas sensações que os adeptos vão experimentando e garantem que saem de um jogo tristes ou alegres consoante a equipa perder ou ganhar. O jogo recomeça na segunda parte com o NASC a ganhar por 15 contra 13, mas à medida que o tempo passa a desvantagem vai diminuindo e a impaciência dos adeptos aumentando. Na segunda parte, duas defesas seguidas do guarda-redes levam a equipa à euforia. Faltam seis minutos para o jogo acabar quando as duas equipas empatam e mais do que nunca, Diogo Santos, puxa pelos adeptos. Uns quantos gritos depois e o NASC vence mais uma eliminatória da Taça de Portugal, derrotando a Académica FC por 28-25. No coração, os adeptos do NASC levam um dos último gritos de guerra - “NASC até morrer!”.

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