Fim da coligação em Vila Franca de Xira abre guerra política
Presidentes das concelhias dos dois partidos trocaram acusações em conferências de imprensa
Com o fim da coligação na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira abre-se uma guerra política a dois anos das eleições. O PSD acusa a presidente de ingerência nos pelouros que até aqui tinham os três vereadores da Coligação Novo Rumo. O PS diz que foi o novo presidente da comissão política concelhia que quis substituir-se aos eleitos no executivo.
O fim da coligação na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira ditou o início de uma guerra política entre o PS e o PSD. Os presidentes das comissões políticas concelhias dos dois partidos convocaram conferências de imprensa para trocar acusações e tornar público os desentendimentos dos últimos dois anos de governação autárquica a duas cores. O PSD acusa a presidente da câmara municipal, Maria da Luz Rosinha (PS), de intromissão nos pelouros que até aqui estavam distribuídos aos três vereadores eleitos pela Coligação Novo Rumo. “Muitas vezes os serviços estavam a ser solicitados, sem conhecimento dos vereadores, para dar resposta a instruções da senhora presidente”, revelou Gonçalo Xufre. A acusação foi feita pelo presidente da Comissão Política Concelhia do PSD com base no que transmitiram os vereadores ao longo do mandato. O condicionamento a que os vereadores eram sujeitos na realização do seu trabalho foi sendo gerido ao longo do tempo por cada um dos três vereadores. A situação mais grave afectou Rui Rei já que segundo o PSD uma directora de departamento “boicotava o trabalho” do eleito.Além da intromissão sentia-se uma lacuna de recursos humanos nas várias áreas dos vereadores. A única situação que foi resolvida foi a de João de Carvalho que viu a divisão de cultura reforçada. Gonçalo Xufre diz que a presidente actuou com os vereadores da Coligação da mesma forma a que se habituou a proceder quando tinha maioria absoluta na câmara, um estilo que segundo o responsável tem dificuldade em abandonar.O presidente da comissão política salientou que o acordo firmado entre o PS e a Coligação nas últimas eleições autárquicas não implicava que os vereadores perdessem a sua “independência” relativamente às suas convicções.Em resposta o PS de Vila Franca de Xira acusa o novo presidente da comissão política concelhia do PSD de querer substituir-se aos vereadores eleitos pela Coligação Novo Rumo. Em conferência de imprensa o presidente da comissão política concelhia do PS, Fernando Paulo, disse que essa foi a razão principal que levou à retirada dos pelouros a dois dos três vereadores da Coligação.Para o presidente da concelhia do PS, a comissão política do PSD desacreditou os seus vereadores, eleitos democraticamente, quando “pretendeu passar a constituir-se como seu interlocutor em assuntos da gestão da câmara”.Fernando Paulo considerou a situação inaceitável e acrescentou que “foi impossível manter o acordo com o PSD”, salientando que “não foi o PS nem o seu executivo” quem “criou esta situação” que levou ao fim do entendimento com a Coligação depois das últimas eleições autárquicas.O presidente da concelhia do PS criticou também os vereadores da Coligação por terem votado contra a urbanização da Póvoa de Santa Iria que motivou a crise política. “Essa situação provocou uma quebra de confiança institucional, que o PS, tendo em conta as responsabilidades de gestão municipal, não pôde aceitar. Uma gestão conjunta exige sempre lealdade não sendo possível aceitar qualquer ingerência externa na gestão municipal”, defendeu Fernando Paulo que lembrou ainda que não foram contratadas mais pessoas para os gabinetes tendo em conta “as limitações impostas pelo Governo”. O PS lembra ainda que todos os pelouros estão na “esfera jurídica dos presidentes de câmara”.Com o fim da Coligação Fernando Paulo assume que a gestão futura do município será diferente mas mostra-se convicto de que as propostas continuarão a ser aprovadas como até aqui. Gonçalo Xufre acrescentou ainda que apesar da ruptura os vereadores vão continuar a ser coerentes com aquilo que defendem. “Não faremos oposição pela oposição”, garantiu.O presidente da Comissão Política Concelhia do PSD disse que ainda não recebeu informação formal sobre a saída do CDS-PP, que integrava a Coligação Novo Rumo com o MPT e PPM, pelo que considera que continua a fazer sentido falar na Coligação Novo Rumo. João de Carvalho deixou pelouro em plena reunião de câmaraO vereador da Coligação Novo Rumo na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, João de Carvalho, abandonou o pelouro da cultura na reunião do executivo realizada na manhã de quarta-feira, 7 de Dezembro, no salão nobre dos paços do concelho. A decisão foi tomada depois da presidente de câmara, Maria da Luz Rosinha (PS), ter retirado os pelouros aos outros dois vereadores da coligação no executivo. Acabou assim o acordo entre a maioria socialista e a coligação à direita estabelecido depois das últimas eleições autárquicas.Com esta mudança o PS fica à mercê da oposição. Os socialistas têm apenas cinco eleitos na câmara enquanto que os dois partidos da oposição têm seis vereadores no total (três da CDU e três da Coligação Novo Rumo).Na última reunião de câmara, realizada na quarta-feira, 30 de Novembro, no Forte da Casa, o verniz estalou entre os socialistas e a Coligação. O pretexto foi a discussão sobre uma urbanização na Póvoa de Santa Iria. Os pelouros só foram retirados a dois dos vereadores: Rui Rei e Helena Pereira de Jesus.Ao manter João de Carvalho os socialistas conseguiriam garantir seis elementos no executivo, o que já seria suficiente para garantir a aprovação de documentos em reunião de câmara, mas o vereador não aceitou o voto de confiança proposto pelo Partido Socialista mantendo-se fiel ao seu partido.
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