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Comerciantes sentem-se enganados com espectáculo de solidariedade de Samora

Comerciantes sentem-se enganados com espectáculo de solidariedade de Samora

Ajudaram na iniciativa e ainda pagaram lanche a crianças que estavam cheias de fome

Um mês depois do espectáculo de solidariedade que seria para ajudar os alunos carenciados de Samora Correia, concelho de Benavente, a confusão ainda anda no ar. O dinheiro nunca chegou a aparecer e depois de O MIRANTE ter tornado pública a situação, os comerciantes que participaram sentem-se enganados.

Eduarda SousaOs comerciantes que patrocinaram e contribuíram de diversas maneiras para o Festival de Talento Solidário que decorreu no dia 19 de Novembro, no Centro Cultural de Samora Correia, concelho de Benavente, estão indignados por o dinheiro ainda não ter chegado aos alunos mais carenciados como estava previsto. O presidente da Câmara Municipal de Benavente, António José Ganhão (CDU), aproveitou também para afirmar que este acontecimento serviu de exemplo para a autarquia que cedeu gratuitamente o centro e jamais irá admitir uma situação que fuja ao seu controlo.Entraram voluntariamente na organização do espectáculo a pensar que o dinheiro tinha um fim e é com alguma revolta que os comerciantes leram na última edição de O MIRANTE que ainda não tinha chegado um cêntimo aos cofres da Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Samora Correia a quem o dinheiro estava prometido. A cabeleireira Filomena Silva foi uma das responsáveis por pentear mais de uma centena de crianças para o espectáculo durante a tarde. “No dia do evento fechei dois salões e fui para o centro cultural com duas funcionárias para começar a pentear. Estivemos entre as 13h00 e as 22h00 sem parar”, afirma. A cabeleireira ainda comprou 200 pães com o seu próprio dinheiro para dar às crianças que estavam cheias de fome e não lancharam. Apesar de ter participado activamente na organização, pagou 60 euros de bilhetes para os seus familiares que no dia do espectáculo não puderam entrar devido a toda a confusão que se gerou no inicio. Recorde-se que foram vendidos mais bilhetes do que a lotação da sala e chegou a ser necessária a presença da GNR para ajudar a serenar os ânimos dos que não puderam entrar. “Um mês depois ainda não tive a devolução dos 60 euros. Participei de livre vontade porque achava que o dinheiro seria para ajudar quem mais precisa. Hoje já só olho para o prejuízo que tive e vou pedir uma indemnização”, revela. Também Sandra Mamede, da loja de crianças Gonrisa, para além de ter participado com um grupo de crianças que desfilaram com roupa da sua loja, comprou no dia do espectáculo duas pizzas e três frangos para dar a muitas das crianças que estavam com fome durante a tarde de sábado. Lucinda Morgado, da loja de roupa Joy &Any, que cedeu roupa para o desfile sente-se também enganada, apesar de não ter sido obrigada a participar. “Participei com um intuito, o de ajudar as crianças mais necessitadas”, diz. O caso foi discutido na Assembleia Municipal de Benavente que decorreu no sábado, 17 de Novembro. A autarquia cedeu gratuitamente a sala do Centro Cultural de Samora Correia, prescindindo do aluguer, porque pensava que seria a Associação de Pais a organizar o evento. “Só um burro é que não aprende e nós estamos sempre a aprender. Fiquei admirado com a ligeireza com que alguém se apodera de dinheiro que não lhe pertence. O assunto foi tratado entre a vereadora e a associação de pais e o objectivo era a angariação de fundos. Nunca nos disseram que a organização iria ser delegada em alguém”, explicou o presidente da câmara, António José Ganhão, que jamais emprestará um equipamento municipal sem se certificar que estão reunidas as condições.Recorde-se que a organizadora do espectáculo, Rita Marques, mãe de duas crianças que estudam na freguesia, revelou a O MIRANTE que as contas ainda não estavam apuradas e já estava a colocar do próprio dinheiro para devolver aos pais que não puderam assistir ao espectáculo. Os bilhetes vendidos a cinco euros renderam cerca de 1500 euros. O bilhete era uma “nota de entrega”, que tem o mesmo valor de um recibo, passado em nome de “Paulo Marques Photography”, marido de Rita Marques. No dia do espectáculo foram ainda vendidas várias fotografias a 3,50 euros por Rita Marques e este dinheiro também seria supostamente canalizado para ajudar as crianças mais desfavorecidas.
Comerciantes sentem-se enganados com espectáculo de solidariedade de Samora

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