Rui Rei acusa PS de aprovar urbanização esquecendo “direitos adquiridos” da população
O vereador da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Rui Rei, diz que a Coligação Novo Rumo foi leal ao votar contra a viabilização de uma urbanização na Póvoa de Santa Iria e acrescenta que o PS se limitou a dar à população “mais do mesmo” com o argumento dos direitos adquiridos.A propósito da autorização que foi dada para a construção de uma urbanização de sete lotes com dez pisos, Rui Rei pergunta: “Quem defende os direitos de uma população que pagou fortunas por habitações que hoje, algumas, valem metade do que valiam? Quem defende um urbanismo sustentável e de qualidade? Se é verdade que promotores têm direitos adquiridos também é verdade que a população que compra habitação tem direitos adquiridos. Devemos defender os direitos de toda a população e não apenas do promotor”, argumentou lembrando que os cidadãos deram a entender que não era esse o caminho que queriam aquando da discussão do Plano Director Municipal (PDM).“Como fomos leais e como não traímos o nosso concelho, e como afirmou Sá Carneiro nunca colocámos à frente dos interesses do país os interesses do partido ou interesses particulares, na reunião de 30 de Novembro, não tivemos a mais pequena dúvida em votar os três contra e em protesto, sim, mas contra a falta de diálogo”, esclareceu. Recorde-se que os três vereadores, que governavam em coligação com o PS, votaram contra a urbanização, o que deitou por terra o entendimento com o PS que retirou os pelouros a dois dos três eleitos: Rui Rei e Helena Pereira de Jesus. João de Carvalho acabou por abdicar do pelouro. Os vereadores recusam estar de acordo com “processos por clarificar, pouco sérios e que não dignificam” a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. “Há diferença entre dignidade e subserviência, há diferença entre lealdade e submissão, há diferença entre transparência e situações pouco explicadas”, acusou na última reunião de câmara. Rui Rei responde assim a uma declaração de Alberto Mesquita. Em entrevista a O MIRANTE o vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, quando interrogado sobre as razões que levaram o PS a retirar os pelouros, diz que “um acordo subentende determinados princípios como a lealdade”. O vice-presidente respondeu a Rui Rei refutando as acusações dizendo que é “sério e leal”. A CDU, que votou favoravelmente o projecto que se arrastava há 18 anos na câmara, desafiou por seu lado Rui Rei a referir que dúvidas concretas tem sobre a urbanização.Vereadores que perderam os pelouros saem de “cabeça erguida”Os três vereadores eleitos pela Coligação Novo Rumo na Câmara de Vila Franca de Xira declaram que saem de “cabeça erguida” pelo trabalho que desenvolveram nos últimos dois anos no âmbito de uma gestão partilhada com o PS na autarquia.“Cumprimos a nossa missão e não nos envergonhamos de nada do que fizemos”, discursou Rui Rei, na última reunião de câmara, falando pelos dois eleitos de bancada: Helena Pereira de Jesus e João de Carvalho, o único dos três a quem o PS não retirou os pelouros mas que acabou por abdicar da pasta da cultura.“Estamos de consciência tranquila. Estaríamos pouco tranquilos se não tivéssemos sido sérios aos nossos compromissos, leais à população, leais ao concelho, leais ao que defendemos como desenvolvimento para o nosso concelho”, rematou. Os vereadores respondem assim formal e frontalmente à humilhação de terem visto os pelouros serem retirados numa reunião pública do executivo realizada no dia 30 de Novembro no Forte da Casa. “As divergências não são com as pessoas desta nossa terra, sempre estivemos e continuaremos dedicados a trabalhar pelas pessoas e com as pessoas, em prol do município, continuando a tentar incutir uma nova filosofia na gestão da câmara municipal, sempre de acordo com a nossa visão estratégica”. Os vereadores, representados maioritariamente pelo PSD, assumem ainda sem constrangimento a continuidade do papel de eleitos, respeitando as responsabilidades transferidas nas últimas autárquicas.ComentárioA retirada dos pelouros aos vereadores do PSD na câmara de Vila Franca de Xira não deve constituir surpresa para ninguém se tivermos em conta o historial político da coligação nestes últimos três meses.Desde a entrevista de Rui Rei a O MIRANTE (publicada na edição de 2 de Junho) que o caldo se entornou nas relações pessoais e políticas entre Rui Rei e a maioria dos vereadores do PS. Com as declarações a O MIRANTE Rui Rei abriu uma ferida no seio da coligação que nunca mais fechou. Só faltava a Rosinha um bom pretexto para bater com a porta e deixar o PSD sem voto na matéria. Foi o que aconteceu na reunião de câmara de 30 de Novembro. Com a decisão mais do que pensada e repensada, de retirar os pelouros aos vereadores contestatários logo que surgisse uma boa oportunidade, Rosinha pacificou o interior do seu PS que vinha pedindo a cabeça de Rui Rei. Ao mesmo tempo abriu espaço para o confronto político que, de certo, fará sair a público a muito breve prazo o nome do político que a substituirá na candidatura a presidente da câmara nas próximas eleições autárquicas.A autoridade política de Maria da Luz Rosinha, que deixou o PSD desnorteado, tem outra relevância por ter sido usada na semana em que a chefe do executivo brilhou nas críticas aos técnicos da Troika.Rui Rei e companhia têm muito trabalho pela frente de forma a passarem a mensagem de que a alternativa vale a pena com Rosinha de fora devido à lei que a impede de voltar a candidatar-se a novo mandato.JAE
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