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Arnaldo Caxias

Arnaldo Caxias

73 anos, Sargento de Engenharia reformado, Constância

“Já pensei em ir para a porta da Assembleia da República com um chapéu pedir, não para mim, mas para os mais necessitados”

Com que espírito entra em 2012? Queria que existisse mais paz e que as pessoas fossem mais honestas. Todos sabemos que isto está mau, mas o mal nasce nas pessoas. Os governantes entraram a matar. Já estou arrependido de ter andado a lutar pela liberdade no 25 de Abril. Não foi para isto que fizemos a revolução. Entregaram o poder a quem não tinha nenhuma experiência. Sou militar mas digo que foram os militares que criaram esta situação. O que recorda mais da sua vida de militar?Estive no Ultramar. Vi pessoas a morrer. Pergunto agora, porquê? Temos antigos combatentes com fome. Ando a tentar criar uma associação de apoio a ex-combatentes porque estamos muito abandonados. Este país não tem respeito por quem perdeu sangue por ele. Costuma participar em manifestações de rua?Sou um homem de luta. Vou a todas. Já pensei em ir para a porta da Assembleia da República com um chapéu pedir, não para mim, mas para os mais necessitados. Revolta-me quando vejo pessoas a falar na televisão sobre o Ultramar, que nunca souberam o que era a guerra. Acredita nos políticos?O meu partido é sempre o voto em branco. Temos que dizer aos governantes que estamos descontentes. Não acredito em nenhum. Já fui presidente da Junta de Freguesia de Martinchel (Abrantes) e nunca tive apoio de ninguém. A experiência de autarca foi boa mas deu para perceber que estamos sozinhos a lutar pelo bem-estar das populações. O que pensa da reforma que implica a extinção e fusão de freguesias?Não faz sentido. Só os presidentes de junta são detentores de um conhecimento real dos problemas da sua freguesia. Não é o presidente da câmara que vai ao terreno ver quais as necessidades dos mais velhos ou saber onde moram os mais carenciados. Que opinião tem da juventude de hoje?A juventude está muito mal acompanhada. Vê que não tem futuro, anda à deriva. Não tem exemplos a seguir. Não lhes basta dizer o que não devem fazer, também temos que lhes indicar o rumo certo. Os jovens têm potencial mas precisam de ser ajudados. Deviam criar núcleos de apoio à juventude, tal como existe para os mais velhos. Constância é um filão por explorar?Sim. Temos aqui o Clube Estrela Verde que se fosse apoiado como deve podia ir mais longe. Tem um presidente com uma grande dinâmica mas que não tem, por exemplo, apoio para construir um campo de futebol relvado. Em Constância, há a intenção de crescer mas falta apoio do Estado. A câmara tem tentado atrair turismo mas falta um empurrão do governo para cativar definitivamente as pessoas. Gosta de ouvir cantar os Reis?Não só gosto como ando a cantar com um grupo de dez, doze pessoas, de Martinchel. E se eu canto bem (risos).
Arnaldo Caxias

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