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Freguesias rurais de Santarém em pé de guerra

Freguesias rurais de Santarém em pé de guerra

Perspectiva que aponta o fim de 18 das 28 freguesias começa a gerar revolta

“Isto é feito por meninos copos de leite, meninos do ar condicionado que nunca comeram o pão que o diabo amassou”, acusou o presidente da Póvoa de Santarém.

Promete não ser pacífica a implementação da reforma do poder local no concelho de Santarém que prevê o fim de 18 das 28 juntas de freguesia, que serão agregadas às restantes. Na última sessão da Assembleia Municipal de Santarém, vários presidentes de junta criticaram esse processo com o presidente da Póvoa de Santarém, António João Henriques, a ser o mais contundente mimoseando o Governo com alguns epítetos pouco abonatórios que levaram o presidente da assembleia a aconselhar moderação no discurso.O autarca, eleito pelo PS mas que entretanto se desvinculou do partido, diz que os autarcas de freguesia estão “completamente desnorteados” porque não sabem o que hão-de dizer às populações e refere que os mentores do processo não conhecem a realidade no terreno. “Os inteligentes que fizeram isto começaram pelos mais fracos, pelas freguesias. É gente incompetente que não sabe o que é uma freguesia rural”.O presidente da assembleia municipal, António Pinto Correia (PSD), bem tentou moderar os ímpetos dizendo que não havia nenhuma lei aprovada e que o assunto devia ser discutido “seriamente”, mas António João Henriques estava embalado pela indignação: “Eles acabam com isto tudo. Querem acabar com as freguesia de Amiais de Baixo, do Vale de Santarém, de Alcanhões. Isto é feito por meninos copos de leite, meninos do ar condicionado que nunca comeram o pão que o diabo amassou”.O presidente da Junta de Alcanhões alinhou pelo mesmo tom. Pedro Esteves (PS) diz que a reforma está a ser traçada a régua e esquadro, confessando a sua dificuldade em entender os critérios a aplicar no concelho de Santarém. Outros autarcas, como os da Ribeira de Santarém, Vaqueiros e Pernes, prometeram também lutar contra o fim das suas juntas de freguesia, tendo já tomado posições políticas nesse sentido.Voz dissonante nas críticas foi a do presidente da Junta de Freguesia de São Nicolau. Nuno Ferreira (PSD) referiu que o chamado Documento Verde “é uma proposta de trabalho que pela primeira vez um Governo tem a coragem de apresentar”, defendendo que a assembleia municipal deve dar contributos para o melhorar. Sublinhou ainda que uma das pessoas que está à frente do processo, o secretário de Estado da Administração Local, Paulo Júlio, é um profundo conhecedor da realidade autárquica, pois foi presidente da Câmara de Penela.Assembleia cria comissão A polémica registou-se durante o debate do ponto da ordem de trabalhos referente à criação de uma comissão na assembleia municipal para estudo da reorganização administrativa do concelho de Santarém. A comissão, eleita por unanimidade, é composta por Rui Presúncia (PSD), Luís Emílio (PS), Salomé Vieira (CDU), Bruno Góis (Bloco de Esquerda), Aires Lopes (CDS/PP), Carlos Marçal (PSD - representante das juntas de freguesia da cidade), Basílio Oleiro (PSD _ representante das juntas de freguesia rurais) e Luís Júlio (representante dos presidentes de junta eleitos por movimentos independentes).Foi depois colocada à votação a inclusão de mais um nome na lista, o do presidente da Junta de Alcanhões, Pedro Esteves (PS), em representação das freguesias classificadas como AMU (áreas mediamente urbanas) e APU (áreas predominantemente urbanas) que estão em risco de acabar, mas o PSD chumbou a essa proposta. A intenção era incluir na comissão elementos que representassem as diferentes especificidades das freguesias do concelho, defendeu Luís Júlio, presidente da Junta de Freguesia do Pombalinho.Alguns presidentes de junta movimentaram-se no sentido da convocação célere de uma assembleia municipal específica para debater esse assunto, mas essa intenção acabou por esbarrar na vontade das principais bancadas da assembleia, com PSD, PS e CDU a considerarem extemporânea a sua realização enquanto a comissão agora criada não tiver conclusões para apresentar ao plenário.
Freguesias rurais de Santarém em pé de guerra

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