uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

O atletismo é a paixão e Alcanena está no coração

Paulo Constantino é atleta, treinador e presidente da Secção de Atletismo da Casa do Povo de Alcanena, um dos melhores clubes nacionais em provas combinadas

Paulo Constantino começou como atleta na Casa do Povo de Alcanena, ainda no tempo da FNAT (hoje Inatel). Actualmente é atleta, treinador e presidente, desenvolvendo um trabalho de excelente qualidade com os jovens do concelho de Alcanena, levando-os mesmo várias vezes ao título de campeões nacionais de provas combinadas.

O atletismo apareceu na Casa do Povo de Alcanena pela mão de Manuel Piedade Costa, ainda no tempo em que a instituição era o elemento primário da organização corporativa do trabalho rural, durante o regime corporativista do Estado Novo, em Portugal. Quando já depois do 25 de Abril foi extinta, os responsáveis de então transformaram-na num clube desportivo, sempre ligada ao atletismo, e foi aí que Paulo Constantino começou e onde se encontra até hoje. “O atletismo é uma paixão e Alcanena está no meu coração”.Paulo Constantino começa a conversa com O MIRANTE destacando exactamente a figura de Manuel Piedade Costa, garantindo que foi ele o grande impulsionador do atletismo em Alcanena. “Foi uma semente lançada por uma pessoa simples que pegou e nunca mais deixou de dar frutos. A homenagem que lhe foi feita ao darem o nome de Manuel Piedade Costa à pista sintética do estádio municipal foi da mais elementar justiça”, garantiu.O agora presidente, começou como treinador pouco depois de ter começado a praticar a modalidade. “Já lá vão mais de 30 anos, nessa altura não haviam tantos professores de educação física como agora, éramos nós os curiosos que nos interessávamos pela modalidade, estudávamos como podíamos e fomos desenvolvendo um bom trabalho com os jovens”, disse Paulo Constantino.“Tivemos desde sempre bons resultados e hoje podemos dizer que é o atletismo que mantém viva a Casa do Povo de Alcanena. Se a modalidade não existisse já há muito que a colectividade tinha fechado”, garantiu Paulo Constantino, adiantando mesmo que há quase uma dezena de anos que ele próprio foi ‘obrigado’ a avançar para a presidência para garantir a sua manutenção. “Durante algum tempo existiram coisas que não correram muito bem e a direcção de então deixou a colectividade, tudo estava difícil, não havia ninguém disposto a vir gerir esta casa, e acabei por ter que ser eu a avançar. Hoje é o Paulo Constantino que faz quase tudo. Sou atleta, treinador, presidente e motorista. Mas a ajuda do Tiago Madeira e do Carlos Santos é deveras importante, sem eles não seria possível fazer o trabalho que fazemos”, disse o presidente.A dedicação ao atletismo é total na Casa do Povo de Alcanena, muito por causa da dedicação de Paulo Constantino à modalidade. “Não tenho dúvida de que o atletismo é a minha paixão e Alcanena é o meu coração. Não me vejo ligado a outra modalidade nem a sair desta terra, seria incapaz de deixar este grupo magnífico de atletas de todas as idades que ajudo a serem cada vez melhores atletas e homens para a vida. Ao longo de todos estes anos que levo como treinador já ajudei mais de um milhar de jovens a serem atletas alguns deles de elevada craveira, mesmo do melhor que se formou em Portugal”, diz com emoção.Também o apoio das instituições oficiais é destacada por Paulo Constantino. “Posso garantir que se não fosse o apoio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Alcanena não seria possível manter a modalidade. Mostramos o nosso trabalho, representamos o concelho com grande dignidade, e esse trabalho é reconhecido dentro dos regulamentos de atribuição de apoios, que assim não nos são negados”, disse agradecido Paulo Constantino adiantando que a colectividade vive um momento de regularidade financeira. “Vivemos com o que temos, não devemos nada a ninguém, a gestão é feita ao milímetro, não daremos nunca um passo maior do que a perna”, garantiu.Fazer campeões sem nunca rejeitar ninguémNa sede do clube, numas prateleiras simples, sem vidros nem ornamentos especiais, mas bem limpas e cuidadas, estão expostos centenas de troféus. Paulo Constantino olha para estes troféus, e embebecido frente a um local especial, o local onde estão as taças de campeão nacional ou que os atletas de Alcanena venceram em competição com os maiores clubes nacionais. Apesar disso, Paulo Constantino garante que nunca foi viciado em fazer campeões. “Nunca rejeitei nenhum jovem, tentei sempre extrair dele o melhor que ele tinha para dar, isso chegou para fazer campeões e trazer títulos para Alcanena. Estou feliz por isso e os momentos de treino são de extraordinária felicidade para mim. Ver a motivação dos atletas, dos veteranos que não falham a um treino, aos mais jovens que agora estão a começar, passando pelos atletas de elite, mostram que o clube se mantém bem vivo e que o trabalho dos treinadores está a dar frutos”.Paulo Constantino nunca foi um atleta de primeiro plano, mas como treinador tem conseguido êxitos que só os melhores conseguem. Trabalhou com jovens atletas antes da construção da pista sintética e também depois. Garantiu que a pista foi uma mais valia importante. “Mas já antes conseguíamos coisas muito boas”.O treinador aponta as taças de campeão nacional de juvenis conquistadas em 2002 e 2003. “Foram títulos conquistados quando ainda não tínhamos pista para treinar, e antes já tínhamos outros títulos conquistados. Depois sim a pista veio ajudar e temos mantido a conquista de títulos distritais, regionais e nacionais com alguma regularidade”.Pelas suas mãos têm passado muitos atletas de grande categoria. Carlos Calado um dos melhores atletas portugueses de sempre, com várias medalhas conquistadas em europeus e mundiais, começou a ser treinado por Paulo Constantino. “Mas foram muitos outros que não eram inferiores ao Carlos. Não os vou referir todos porque podia esquecer algum. O que posso dizer é que se os ajudei a ser campeões eles também me ajudarem a serem o treinador que sou hoje. E aqui quero destacar também a ajuda do professor José Barros e do Miguel Lucas, que por acaso também foi meu atleta”.A manutenção dos irmãos Pedro Santos e Carlos Santos em Alcanena, depois de terem sido ‘assediados’ pelos grandes clubes nacionais, e o regresso de Damião Freitas, fazem Paulo Constantino ainda mais feliz. “O Pedro e o Carlos são dois campeões. Foram muito procurados por clubes grandes, nunca lhes disse para não irem, aconselhei-os sempre a pensarem bem e a conversarem com os pais. Eles nunca terem cedido e terem ficado, foi mais um motivo de felicidade para mim”.Neste momento, para além dos mais credenciados, Paulo Constantino garante que tem em formação mais uma excelente fornada de jovens atletas. “O atletismo é uma modalidade que exige muita dedicação do treinador e do atleta. É essa sensibilidade que eu faço por transmitir aos jovens. Comigo têm que passar por todas as provas e é daí que conseguimos ser uma escola de provas técnicas e chegarmos a campeões”, garante.A finalizar a conversa, Paulo Constantino garante que o atletismo no distrito de Santarém é uma modalidade forte. “Trabalha-se bem em vários clubes e na Associação de Atletismo do Distrito de Santarém, há muita gente a trabalhar com gosto e vontade. Por isso não é por acaso que temos muitos e bons atletas internacionais no distrito”.

Mais Notícias

    A carregar...