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Um empresário que nunca baixou os braços

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Alberto Rocha é o proprietário da principal papelaria de Castanheira do Ribatejo

Aos 64 anos Alberto Rocha sente-se um homem realizado. Nasceu em Alcanhões, Santarém, mas foi no concelho de Vila Franca de Xira que se estabeleceu de vez. Foi empregado na extinta metalúrgica Previdente, em Alverca, foi dono de um café em Alhandra e hoje gere a principal papelaria da vila de Castanheira do Ribatejo. O maior problema do negócio, confessa, é a concorrência desleal das grandes superfícies.

É do interior de um dos balcões da sua papelaria na Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, que Alberto Rocha, 64 anos, partilha a história do seu percurso profissional. Confessa que nunca teve uma profissão de sonho e que sempre se adaptou ao que foi aparecendo. Serviu a pátria portuguesa na Guiné durante dois anos, trabalhou na Previdente de Alverca, abriu um café em Alhandra e por fim estabeleceu-se com uma papelaria na Castanheira, que é também um dos muitos postos de recepção de anúncios e pagamento de assinaturas de O MIRANTE.Alberto Rocha nasceu na freguesia de Alcanhões e frequentou a escola industrial de Santarém. “Foi uma infância normal, dentro daquilo que era Alcanhões naquela altura, sobretudo uma terra de população pobre mas trabalhadora”, recorda. Nos primeiros dois anos Alberto Rocha ia a pé para Santarém, que dista cerca de dez quilómetros. “Outras vezes apanhávamos boleia das poucas pessoas que tinham carro naquele tempo. Normalmente as pessoas com posses paravam sempre e davam-nos boleia”, recorda. Só ao fim de dois anos conseguiu comprar uma bicicleta em segunda mão para facilitar a viagem.Confessa guardar boas memórias da escola industrial e de um dos professores que lhe ensinava electricidade, física e matemática. “Eu fui um cábula até ao terceiro ano. Daí em diante tive um professor que me alterou profundamente. Com ele passei a ser um excelente aluno. Era um professor que motivava e que, antes dos exames, levava os alunos para casa dele sem ganhar um tostão e dava explicações a quem quisesse, o que é impensável hoje em dia”, refere. Naquele tempo, diz Alberto Rocha, “ainda havia respeito dos alunos pelos professores”, o que hoje é difícil de encontrar, diz.A guerra colonial forçou Alberto a passar dois anos na Guiné como furriel. Quando voltou ao continente instalou-se na Castanheira, onde já tinha família. Inscreveu-se num centro de emprego e foi chamado para uma vaga de controlador dimensional na metalúrgica Previdente, em Alverca. “O meu trabalho consistia em tirar dimensões, porque a fábrica produzia bisnagas e embalagens metálicas para desodorizantes e medicamentos e era necessário medir tudo para ver se saíam dentro dos padrões”, explica. Ao fim de uma década começaram a surgir rumores de que a fábrica, que chegou a empregar 1500 pessoas, se encontrava em dificuldades e que poderia fechar. Alberto Rocha decidiu jogar por antecipação, saiu com uma indemnização e abriu um café em Alhandra. “Mas os horários eram muito complicados e comecei logo a estudar outra alternativa”, confessa. Certo dia trespassou o café e abriu uma papelaria na vila onde morava e onde ainda hoje trabalha. O maior problema, confessa, é a concorrência desleal das grandes superfícies.“Temos a concorrência das grandes superfícies que vendem muitos artigos e estão sempre a mudar os preços, uns dias mais caros e noutros mais baratos. A forma de comercialização deles é complicada e obriga-nos sempre a fazer alguma ginástica para os podermos acompanhar. Outro problema que temos são as margens pequenas dos produtos que vendemos”, lamenta. Ainda assim Alberto Rocha diz ter encontrado um trabalho de que gosta e que está empenhado em realizar com a maior dedicação, valores que cultiva desde que entrou no mercado de trabalho. “Sou uma pessoa que toda a vida se adaptou ao que aparecia. Nunca tive um sonho de ter uma determinada profissão como muita gente tem. São gostos”, remata.
Um empresário que nunca baixou os braços

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