São cada vez mais as famílias desesperadas que vão à Câmara Municipal de Benavente pedir uma habitação social. A autarquia tem algumas famílias que não pagam as rendas das habitações municipais e já tem em curso quatro acções de despejo. O ano 2011 ficou também marcado por um aumento acentuado de pedidos de apoio escolar para as crianças por parte de famílias da classe média. Já a nível de alimentação, são praticamente inexistentes os munícipes que se deslocam à autarquia para pedir ajuda.A Câmara de Benavente está neste momento a disponibilizar tecto a 120 famílias do concelho. Existem apenas mais duas habitações sociais que estão de momento desocupadas por precisarem de obras. A lista de espera está sempre a crescer e constitui a maior preocupação do serviço de acção social. “Temos cada vez mais pessoas desempregadas, com filhos, que não têm dinheiro para pagar as rendas que os proprietários pedem. As pessoas estão no limite das suas capacidades e vêm pedir ajuda”, revela a coordenadora da equipa de acção social, Maria do Carmo Francisco. Numa altura complicada a nível nacional, a autarquia está também a apertar o crivo para poder ajudar os que realmente necessitam. Dos cerca de 25 inquilinos que deixaram de pagar a renda, quatro estão já com acções de despejo a decorrer, depois de terem sido esgotadas todas as alternativas. “Tentamos facilitar sempre ao máximo e chamamos as famílias que não conseguem pagar para elaborarmos em conjunto planos de amortização, mas mesmo assim temos casos em que isso não resulta”, alerta a coordenadora. Também tem existido um aumento dos pedidos de ajuda para o apoio escolar. São cada vez mais as famílias, sobretudo de estratos sociais mais elevados, que pedem refeições gratuitas para os filhos nas escolas. “Na maior parte das vezes não conseguimos mudar as crianças de escalão porque os critérios de atribuição de apoios não estão formulados para estas famílias que precisam de ajuda”, conta a assistente social que acredita que as políticas de apoio social vão ter de mudar em 2012 para poder ajudar os novos pobres. A autarquia vai atribuir este ano menos bolsas a alunos que se distinguiram pelo aproveitamento escolar, para canalizar o dinheiro para os alunos mais carenciados. Não existem praticamente pedidos de ajuda na câmara em relação à alimentação. Neste momento são apenas duas famílias que estão a receber refeições gratuitas na Santa Casa da Misericórdia de Benavente e na Fundação Padre Tobias, em Samora Correia. Mais raro ainda é chegarem pedidos de ajuda alimentar de Santo Estêvão ou da Barrosa. “Nestas freguesias mais rurais as pessoas têm quase todas uma horta e ainda praticam agricultura de subsistência. Os vizinhos também se ajudam muito”, repara Maria do Carmo Francisco. Embora a autarquia esteja a passar por uma fase em que os pedidos de ajuda a este nível sejam actualmente poucos, perto de oitenta famílias já beneficiaram de refeições gratuitas desde 2009.