Sandra Paulino
36 anos, cabeleireira, Samora Correia
Com uma renda de casa, infantário, água e luz, o dinheiro do ordenado não sobra para muito mais... Se não tivesse ajuda da família não sei como viveria! Tento sempre dar a volta aos problemas. Se não tiver carne de porco, como salsichas e ovo estrelado. O que mais gostava era que o meu marido conseguisse finalmente arranjar emprego.
Se precisar de sal vai pedir ao vizinho?Sempre ouvi a minha avó dizer que o sal é algo que nunca se pede a ninguém. Tal como uma agulha e o azeite. Traz azar e eu nestas coisas sou muito crente (risos). Hoje em dia já não existem as mesmas relações de vizinhança de antigamente. Se pedimos uma agulha a alguém, vão logo dizer que pedimos um porco inteiro. Tento lutar contra esta forma de estar e se puder ajudar alguém é com todo o gosto que o faço. Os pais devem ser responsabilizados pelo mau comportamento dos filhos nas escolas?Muitas crianças portam-se de uma maneira à frente dos pais e depois na escola têm outras atitudes. É difícil generalizar porque cada caso é um caso. O que posso dizer é que já trabalhei numa escola e via muitos professores e funcionários acomodados que reinavam ao seu gosto. Se quem deve dar o exemplo é capaz de perder o controlo e desatar aos gritos, como é que querem depois que as crianças se portem bem? Gostava de ter uma horta biológica?Já tenho! No Verão plantei alfaces, tomates e nabiças. Neste momento só tenho couves e salsa porque o tempo livre não é muito. Dá uma ajuda muito grande na despensa, especialmente para preparar a sopa. No Natal ainda utilizei as couves da minha horta. O que era capaz de fazer para dar de comer a um filho se não tivesse dinheiro?Pelo meu marido e pelo meu filho faço tudo. Felizmente nunca cheguei a essa situação. Mas hoje em dia, como isto está, consigo compreender o desespero em que algumas pessoas podem cair por não terem dinheiro. Em que é que se pode poupar para enfrentar a crise?Já não tenho mais onde cortar. Só sou eu a trabalhar. O meu marido não consegue arranjar emprego aqui no concelho. Com uma renda de casa, infantário, água e luz, o dinheiro do ordenado não sobra para muito mais... Se não tivesse ajuda da família não sei como viveria! Tento sempre dar a volta aos problemas. Se não tiver carne de porco, como salsichas e ovo estrelado. O que mais gostava era que o meu marido conseguisse finalmente arranjar emprego.Como é que olha para o comportamento dos portugueses nesta altura de dificuldades?Somos um povo muito pacato que se deixa estar no seu cantinho. Estão a tirar-nos tudo e não se vê grandes manifestações. Infelizmente, somos muito resignados e pacientes. Se tivéssemos um temperamento igual aos gregos já tinha ido tudo pelo ar. Uma mulher deve ter cuidados com a aparência ou a beleza deve ser natural?A beleza é acima de tudo interior. Não adianta arranjarmos o cabelo ou andarmos maquilhadas se não andarmos bem interiormente. Cometeu alguns excessos com os doces no Natal e na passagem de ano?Nestas alturas não costumo abusar muito... só depois (risos). Fico logo cheia só de ver tantos bolos. Só apetece quando já não os temos.
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