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Azambuja ficou estagnada à espera de um aeroporto que nunca apareceu

Azambuja ficou estagnada à espera de um aeroporto que nunca apareceu

Luís de Sousa, vice-presidente da Câmara Municipal de Azambuja

O vice-presidente da Câmara Municipal da Azambuja, Luís de Sousa, eleito pelo PS, diz que Azambuja não se desenvolveu por culpa das condicionantes impostas pelo aeroporto da Ota e pelos investimentos que ficaram à espera do equipamento e que acabaram por fugir com a deslocalização do aeroporto para Alcochete. O fecho de vários serviços como os CTT e as Finanças só prova que o concelho está a ficar isolado, apesar de estar a dois passos de Lisboa. Diz que o pelouro da saúde não serve para nada e promete abandonar a câmara em 2013 se não for o candidato escolhido para ser o rosto do PS às próximas eleições.

O Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, disse em entrevista a O MIRANTE que os autarcas em Portugal nunca foram capazes de ser ousados. Lembra-se de um acto de ousadia em Azambuja?Lembro-me de todas as obras e infra-estruturas que temos construído ao longo dos anos no concelho. Para isso foi preciso ousadia e ter a coragem de enfrentar a banca. Virámos o concelho de pernas para o ar apesar das dificuldades e hoje está muito melhor.Mas Azambuja não conseguiu desenvolver-se como outros concelhos como Benavente, Alenquer e Vila Franca, que apostaram na proximidade com Lisboa para captar investimentos e pessoas.De facto em termos de crescimento empresarial não se criaram grandes empresas nos últimos anos, mas apostou-se bastante na logística. Não nos podemos esquecer que havia vários loteamentos prontos a serem desenvolvidos a norte do concelho que ficaram parados por causa das condicionantes do aeroporto da Ota. Não foi por falta de insistência da câmara. Azambuja esteve estagnada durante dez anos à espera de um aeroporto que nunca apareceu. Quando algumas coisas já estavam a caminho pararam, depois de se saber que o aeroporto ia para Alcochete. Notou-se de um dia para o outro as coisas a pararem e alguns projectos a fugirem para outros concelhos. Teria sido prudente não ficar apenas a confiar no aeroporto como motor de desenvolvimento do concelho.Talvez, mas se calhar foram as pessoas de fora que não acharam Azambuja atractiva. Não sei porquê. Não houve falta de ambição da nossa parte e se não se fez mais não foi porque não tivesse havido boa vontade. Actualmente precisamos de arranjar investidores privados que queiram apostar em Azambuja em projectos diferentes, porque a população começa a ficar envelhecida e a juventude está a ir embora. O encerramento das estações de correio e a perspectiva de encerramento das Finanças é uma consequência desse desinteresse?Vejo isso com alguma mágoa porque estamos próximos de Lisboa e o encerramento de serviços significa um retrocesso para o concelho. Não o vejo como um sinal do falhanço desta gestão. Não nos queiram atribuir o fecho destas estruturas sobre as quais não temos qualquer responsabilidade. Eu vejo o que está a acontecer como o seguimento de uma política tomada pelo Governo que está a ser tomada por todo o país.O Biotério da Fundação Champalimaud é um dos projectos em risco de se perder.O processo tem estado a decorrer, não quero fazer grandes comentários sobre ele. Mas a Fundação, a desistir desse projecto, será mau para a Azambuja, porque é um investimento que prevê criar muitos postos de trabalho e representa mais uma ajuda ao desenvolvimento do concelho. As manifestações dos ambientalistas podem ter ajudado a condenar um projecto que nos fazia muita falta. Eles são livres de fazer as manifestações mas penso que não fizeram qualquer sentido.Este ano verifica-se uma redução de 30 por cento nos apoios às Instituições Particulares de Solidariedade Social do concelho. Não teme mais problemas sociais no concelho?Os cortes foram causados pela nossa situação financeira. As associações deviam ser menos subsídio-dependentes. Em Azambuja habituámos mal as associações ao dar todos os anos grandes apoios. E agora como não podemos continuar a dar esse apoio há muitas associações que sentem o corte.É vereador da Saúde. Para que serve o pelouro se essa é uma competência da administração central?O pelouro da saúde não serve para nada. Nós fazemos reuniões com todos os sectores e nunca conseguimos atingir os objectivos a que nos propomos. Não temos autonomia para dizer nada. Sinto-me impotente porque não temos liberdade para definir as coisas. Temos liberdade de refilar e pouco mais. Se pudesse encostava esse pelouro e até o dava a quem quisesse, ao secretário de estado ou ao ministro da saúde.Um apaixonado por automóveis que gosta de passear de barco no TejoLuís Manuel Abreu de Sousa, 59 anos, nasceu a 16 de Abril em Alcoentre, concelho de Azambuja. É filho único, casado, tem duas filhas e seis netos. Foi militar na Força Aérea onde esteve na Polícia Aérea, até 1975. Esteve no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, onde guardava os ex-membros da PIDE (polícia política do regime) que aguardavam julgamento. Mais tarde trocou com um colega e passou a trabalhar como guarda prisional na cadeia de Alcoentre. Foi presidente de junta pelo PSD em Alcoentre, esteve afastado da política durante dois anos e foi convidado por João Benavente para integrar as listas do PS. “Como não era filiado decidi avançar”, explica. Exerceu sempre o cargo de vice-presidente. Costuma passear no rio Tejo apesar de não ter barco próprio. “Peço sempre a um amigo para irmos dar umas voltas”, confessa. Já fez por várias vezes a Rota dos Mouchões. “Adoro a calma e serenidade do passeio”, conta. Fica triste quando vê o estado de abandono da praia fluvial de Azambuja. “Como está hoje não tem ponta por onde se pegue”, lamenta. Só frequenta tertúlias durante a Feira de Maio e a convite de amigos. Não falha uma tourada e escolhe o Carregado, Alcoentre, Aveiras e Azambuja para fazer compras. Outras vezes desloca-se a Rio Maior pela sua proximidade com Alcoentre. É um apaixonado por carros e sonha ter um Porsche descapotável. Hoje só tem um automóvel, marca Nissan, mas se pudesse trocava todas as semanas de carro. Usa transportes públicos quando vai a Lisboa. “Vou de comboio para o Oriente e depois sigo de eléctrico. Não ando de metro porque depois quando chego à superfície nunca sei para onde me virar”, diz com um sorriso.Só continua na política se for candidato a presidente da câmara em 2013Com a impossibilidade de Joaquim Ramos se recandidatar, o senhor é o candidato natural do PS à presidência da câmara? Neste momento estou disponível para assumir essa responsabilidade. Há um processo político que tem de ser seguido mas sinto que tenho o perfil necessário. Não vou usar argumento algum para afastar os outros nomes que estão na corrida, os militantes já me conhecem, sabem aquilo que eu valho e o que sei fazer na câmara.Caso venha a ser o rosto do PS às próximas autárquicas, acredita ser capaz de convencer o eleitorado do concelho?O eleitorado não precisa de ser convencido, já tem os olhos abertos e sabe o que as pessoas valem. Não penso que a saída do Joaquim Ramos seja uma oportunidade para a oposição ganhar. Não faço futurologia mas ficarei preocupado se não for o PS a ganhar a câmara. Se nas eleições não houver maioria não teria problema em formar uma coligação. Se pudesse ia buscar um candidato da direita e outro da esquerda para trabalharem comigo. De um lado e do outro poderiam vir boas ideias para se fazerem coisas úteis para o concelho.Caso não seja escolhido para ser o candidato socialista, aceitará novamente uma posição de vice-presidente ou vereador?Neste primeiro trimestre vamos resolver essa matéria e saber quem será o candidato à câmara. Se não for eu o escolhido aceito o resultado serenamente e termino o meu mandato em 2013. Ficar como vice-presidente ou vereador de outro rosto do PS está fora de hipótese. Já fui vice-presidente de três presidentes de câmara. Só avanço se puder terminar a minha vida política como presidente de câmara e ficaria apenas um mandato. Iria continuar o bom trabalho do Joaquim Ramos.Música preferida?Gosto de música portuguesa, sobretudo fado e acordeão. No carro ouço música dos anos 80. E filmes?Gosto de filmes românticos mas há mais de um ano que não vou ao cinema.Gosta de touradas?Vou a todas e às vezes também ao Campo Pequeno.Onde faz compras?Alcoentre, Aveiras e Azambuja. Ocasionalmente vou ao Carregado e a Rio Maior, que fica perto de Alcoentre.Sítio para férias?No Algarve na primeira quinzena de Agosto. Gostava de ir ao Brasil ver as cataratas de Iguaçu. Já lá estive e é uma maravilha.Vícios?São os carros, adoro automóveis, se pudesse trocava de carros todas as semanas. Leitura habitual?Os jornais todos os dias.A que horas entra na câmara?Todos os dias chego pelas 09h00 e vou-me embora entre as 18h e as 19h30.Prato favorito?Cozido à portuguesa e feijoada à transmontana. Tem médico de família?Sim, mas quando vou às urgências nunca passo à frente das outras pessoas.
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