Acompanhei a reacção provocada por um artigo de opinião publicado em O MIRANTE que envolvia a greve dos médicos que acabou por ser desconvocada. Foi uma reacção corporativa e o corporativismo não é flor que se cheire. Essa coisa de meter todos os médicos no mesmo saco não fica bem a quem escreve sobre eles nem aos médicos e organizações que os representam. Há bons e maus médicos. Há excelentes médicos e pessoas que nunca deveriam ter sido autorizadas a exercer medicina. O que me faz escrever sobre médicos é estar a envelhecer e cada vez mais ter de contactar com eles. Ter de os consultar, digamos assim. E por isso gostar de partilhar com outros uma situação que venho observando. A maior parte dos médicos que tenho consultado sobre os mais diversos problemas está num mundo muito avançado que lhes permite não ter qualquer contacto físico com o doente. Há uns trinta anos, o médico auscultava, fazia palpação, perguntava sobre isto e mais aquilo. Agora ouve e escreve no computador. Depois carrega num botão e lá vou eu com um papelinho para fazer as análises, um outro para o raio xis ou eco, mais uma receita ou duas. Isto para não falar na distância e frieza de tratamento. Cada vez mais o que importa é a doença e não o doente. Pressinto que um dia destes, com o avanço da tecnologia, vamos passar a ser consultados por robots. Não de carne e osso como alguns que tenho encontrado mas verdadeiros robots. Adriano Guerra Giraldo