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31 anos do jornal o Mirante

Não foi nada disto que lhe encomendei…

Depoimento

António Palmeiro*

Um dia, já lá vão uns anos, apareceu no jornal um homem que tinha um caso para contar. Falei com ele, recolhi as informações que me deu e pareceu-me que o assunto, que configurava uma situação de abuso de autoridade merecia ser investigado. Queixava-se o homem de ter sido maltratado pela GNR e queria que O MIRANTE noticiasse que tinha sido detido sem motivo. Fiz vários contactos, cruzei fontes e a história começou a ter pernas para andar embora em sentido contrário à versão apresentada pela alegada vítima. Na posse de todos os dados concluí que a GNR tinha actuado dentro do que lhe competia e que não houvera qualquer abuso de autoridade. O homem tinha sido mandado parar por uma patrulha e não obedeceu ao sinal, tendo-se iniciado uma perseguição ao longo de várias dezenas de quilómetros. O condutor em fuga, que me tinha “encomendado” a notícia, só viria a ser imobilizado à entrada de Almeirim depois de terem sido mobilizados vários guardas e viaturas para o fazer parar. A notícia saiu nestes termos, destacando o aparato necessário para efectuar a detenção. Quem não gostou foi o senhor que, dias depois voltou ao jornal para falar comigo exigindo-me que fizesse outra notícia. Expliquei-lhe que ele não me tinha contado a verdade e ele até concordou embora tenha dito que não estava em fuga mas que apenas não se tinha apercebido dos carros da GNR ao longo de vários quilómetros atrás da sua viatura com as sirenes ligadas e as luzes de emergência a piscarem. Mas afinal o que o senhor quer?! Perguntei-lhe na tentativa de acabar com uma conversa que se arrastava, não há vários quilómetros mas há muitos minutos. “Queria uma notícia a dizer mal da GNR”, confessou. E perante o meu espanto rematou. “Afinal foi isso que lhe encomendei!”*Jornalista

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