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PSD tira confiança política ao filho da presidente da Câmara de VFX

Renato Rosinha diz que foi afastado por delito de opinião na “melhor tradição do pior comunismo”
O filho da presidente de Câmara Municipal de Vila Franca de Xira (eleita pelo PS), Renato Rosinha, que integrava desde 2010 a Comissão Política Concelhia do PSD, perdeu a confiança da comissão política.A decisão foi tomada já depois da presidente, Maria da Luz Rosinha, ter retirado os pelouros a dois dos três vereadores da Coligação Novo Rumo, representada maioritariamente pelo PSD, numa reunião pública de 30 de Novembro no Forte da Casa. Renato Rosinha já não foi convocado para a reunião da comissão de 6 de Dezembro mas por pensar que se tratava de lapso acabou por comparecer. Foi nessa altura que foi informado de que não voltaria a ser convocado para as reuniões do partido. O presidente da Comissão Política Concelhia do PSD, Gonçalo Xufre, admite a O MIRANTE que Renato Rosinha perdeu a confiança do partido. “Não soube separar o facto de ser militante social-democrata com a sua condição de filho da presidente de câmara e passou-lhe informação”, justifica.Gonçalo Xufre acusa ainda Renato Rosinha de ter pressionado o vereador Rui Rei. Vai mais longe e diz que no mesmo dia e à mesma hora Maria da Luz Rosinha estaria a pressionar o vereador João de Carvalho. Sobre isto Renato Rosinha revela que apenas teve uma conversa com o vereador para tentar perceber a intenção de ruptura com o PS e não entende a acusação de que é alvo nem admite essa associação de ideias que considera “ofensiva”. Renato Rosinha lamenta ter sido afastado por “delito de opinião na melhor tradição do pior comunismo”. “A questão do loteamento na Póvoa não mereceria atenção especial mas serviu de pretexto para quebrar o acordo. O PSD fê-lo no dia que quis. Não foi estratégia partilhada pela comissão política ou vereadores. São coisas típicas de quadrilhas mafiosas”, acusa Renato Rosinha.O militante social democrata lamenta que o presidente da comissão política tenha tido a intenção de se substituir aos vereadores no executivo fazendo também exigências no sentido da integração no quadro da câmara de três colaboradores da autarquia “independentemente das questões legais”.Renato Rosinha considera que este episódio não dignifica ninguém e diz mesmo que o PSD em Vila Franca de Xira precisa de gente nova: “Os militantes têm que ter a coragem de ultrapassar isto com as alterações que forem necessárias. Não precisamos de ter toda a vida o Rui Rei a liderar o partido social democrata em Vila Franca de Xira”. Renato Rosinha, 38 anos, está ligado ao PSD desde os 16 mas a partir do momento em que a mãe foi eleita, há 13 anos, decidiu afastar-se da vida política activa. O pai, um dos fundadores do PSD, tomou a mesma atitude para evitar constrangimentos. Renato Rosinha regressou em 2010, como vogal da comissão política, por ser o último mandato de Maria da Luz Rosinha que já não poderá recandidatar-se por força da lei.PSD perdeu a oportunidade de conseguir bons resultados nas próximas eleiçõesCom a quebra do acordo entre o PS e a Coligação Novo Rumo (representada maioritariamente pelo PSD) no executivo da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, os social-democratas perdem a oportunidade de conseguir bons resultados nas próximas eleições autárquicas. É pelo menos esta a opinião de Renato Rosinha que acredita que o PSD saiu fragilizado com a situação. “Anularam qualquer hipótese de João de Carvalho poder ser candidato e ter um bom resultado”, opina o militante social-democrata que é também filho da presidente de câmara, Maria da Luz Rosinha (PS).Renato Rosinha, que garante que vai continuar atento nas assembleias de secção, diz que Rui Rei ao situar o PSD em Vila Franca de Xira mais à esquerda do que no resto do país, como afirmou em entrevista a O MIRANTE, está a querer “tornar-se um camaleão e atrair com palavras vãs um eleitorado que nunca votará nele”. Quotas para as mulheres chegaram quando já não faziam faltaRenato Rosinha considera que a lei da paridade, que surgiu para facilitar a intervenção feminina na política, foi criada quando já não fazia falta e actualmente serve unicamente para perverter o sistema. O militante dá como exemplo o caso de Odete Silva, deputada à Assembleia da República pelo PSD, residente na Póvoa de Santa Iria, eleita pelo círculo de Lisboa, que de outra forma, segundo Renato Rosinha, nunca conseguiria ascender ao 15º lugar na lista, ocupando um lugar elegível.”Foi muito puxada para cima pela falta de participação”, analisa.Renato Rosinha lembra que muitas mulheres conseguiram impor-se na política mesmo antes da implementação das quotas e sublinha que o género já não é um condicionalismo.”É difícil tanto para um homem como para uma mulher a participação política, tal como é difícil ir ao ginásio e fazer todas as coisas que gostávamos de fazer antes de casar e ter filhos”, afirma.Renato Rosinha andava ainda ao colo quando participou nas primeiras reuniões e comícios com a mãe do PS e o pai do PSD que chegaram a ser líderes de bancadas opostas na assembleia municipal. Há mais de trinta anos que lida com opiniões ideológicas no seio da família sem que isso represente desentendimentos mas apenas visões diferentes. E se foi no PSD que encontrou espaço de participação cívica não duvida de que a mãe, a socialista Maria da Luz Rosinha, foi a melhor candidata. “Na gestão de um município a doutrina política não deve fraccionar um executivo”.

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