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Agricultor por vocação, influência e gosto

Agricultor por vocação, influência e gosto

Fernando Ventura é produtor de frutas e hortícolas na Póvoa da Isenta

O segredo de um bom produto está na terra, na água com que rega, proveniente de furos, e nos nutrientes que lhes adiciona, diz.

Para Fernando Ventura ficou bem claro desde novo que a agricultura iria ser o seu mundo profissional e a sua vida. Natural de Santarém e com 43 anos, cumpriu o 11.º ano e logo tratou de tirar vários cursos na área da produção agrária. Os avós tinham terrenos com cereais, vinha, azeitona e foi natural a sua ligação à terra na Póvoa da Isenta. “Sempre vivi rodeado da agricultura, de animais e senti que tinha de rentabilizar essa oportunidade. Não segui os cereais mas apostei nos hortícolas”, conta Fernando Ventura, que ainda trabalhou como comercial de uma empresa de venda de adubos e químicos, mas preferiu seguir o caminho da independência.Actualmente produz brócolos, pimentos, courgettes e beringelas, especialmente no Inverno. Durante o Verão prevalecem as culturas do melão, seja branco, verde ou amarelo, da meloa e da melancia. Tem 50 hectares de terra, grande parte cultivada por si, e dois hectares em estufas com produção de alface lisa e frisada. Outros terrenos estão alugados. A ligação ao Intermarché, no fornecimento das suas bases logísticas de Alcanena e Paços de Ferreira, começou há 15 anos quando Fernando Ventura lhes apresentou os seus produtos. A relação foi-se fortalecendo ao longo dos anos e o agricultor mostra-se satisfeito por fornecer hortícolas a uma das principais cadeias de hipermercados a operar no país. A jornada de trabalho do agricultor, que mora junto à exploração, começa pelas oito da manhã no Inverno e nunca acaba antes das dez da noite. É nessa altura que começa a armazenar os produtos que ficarão prontos para serem transportados em veículo pesado com câmara frigorífica para as duas bases, sempre às quatro da manhã. De Verão a jornada começa mais cedo, para aproveitar a fresquidão mas também porque as áreas cultivadas são mais extensas. Saem diariamente da exploração duas a três toneladas de hortícolas mas o ano que passou não foi dos melhores para o sector. “O ano de 2011 não deixa saudades. O Verão teve pouco calor, choveu quando devia ter feito sol e tivemos um Verão a estender-se até Novembro. Melão, melancia e meloa precisam de muita chuva e plantas como estas não suportam bem estas alterações climáticas”, explica Fernando Ventura.Os produtos que saem da terra são sujeitos a controlo de qualidade por parte dos supermercados que abastece, através do chamado Brick, que avalia os teores de açúcar. O segredo de um bom produto está na terra, na água com que rega, proveniente de furos, e nos nutrientes que lhes adiciona. No caso das alfaces, em cultivo de estufa, são regadas através de sistema que recebe ordens emitidas por computador.As novas plantações surgem a cada semana. Até ser colhido, um molho de brócolos leva 80 a 120 dias de crescimento. A alface demora 60 a 80 dias para ser colhida. Fernando Ventura anda no terreno em permanência. Tanto acompanha de manhã os colaboradores nas culturas, vê os produtos, dá ordens, como pega no tractor ou num veículo. Quando se fala em novas ideias para a produção, recorda que também produz quiabos, mas em pouca escala, produto apreciado pela comunidade brasileira e africana radicada no país. “Não quero crescer mais. Estou bem como estou e conseguir crédito junto da banca é cada vez mais difícil. Só me candidatei uma vez a fundos comunitários, de resto tenho feito o meu caminho com meios próprios”, esclarece Fernando Ventura. O número de colaboradores de Fernando Ventura varia entre seis, no Inverno, e 15, no Verão. No mundo profissional a esposa de Fernando Ventura, Isabel Ventura, ajuda na parte administrativa e de facturação da empresa, e ainda tem a difícil tarefa de cuidar dos quatro filhos do casal, que têm entre os três e os 13 anos. A agricultura absorve quase todo o tempo disponível de Fernando Ventura que, confessa, não tem férias há 20 anos. “Não consigo tirar férias mais que dois ou três dias. Os meus filhos bem me pedem mas o mais velho, de 13 anos, já percebe melhor o trabalho do pai e até gosta deste mundo da agricultura”, refere.Quando tem tempo livre, o agricultor gosta de descontrair com os amigos, especialmente à mesa com um bacalhau assado e um bom vinho tinto.
Agricultor por vocação, influência e gosto

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