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Pregação aos peixes na Igreja Matriz do Entroncamento

Pregação aos peixes na Igreja Matriz do Entroncamento

O Padre António Vieira defensor dos índios do Brasil contra as atrocidades dos colonos, esteve presente sexta-feira, 20 de Janeiro à noite na Igreja Matriz do Entroncamento, para relembrar, ao longo de vinte minutos partes significativas do seu famoso “Sermão de Santo António aos Peixes”. Quem emprestou corpo e voz ao pregador foi o professor de filosofia reformado, Eduardo Bento. A iniciativa de fazer ecoar denúncias tão actuais como as do sermão contra a injustiça, a exploração, a crueldade, a traição, o servilismo e a corrupção foi dos alunos do 11º ano das turmas A e de Desportos e Tecnologias, da Escola Secundária com 3º ciclo, que têm aquele texto no seu plano de estudos. “Vede um homem desses, que andam perseguidos de pleitos, ou acusados de crimes, e olhai quantos o estão comendo. Come-o o meirinho, come-o o carcereiro, come-o o escrivão, come-o o solicitador, come-o o advogado, come-o o inquiridor, come-o a testemunha, come-o o julgador, e ainda não está sentenciado, e já está comido. São piores os homens que os corvos. O triste que foi à forca não o comem os corvos, senão depois de executado e morto; e o que anda em juízo, ainda não está executado, nem sentenciado, e já está comido.”O Sermão de Santo António aos Peixes, escrito em 1645, é baseado na lenda medieval segundo a qual Santo António falou aos peixes, tendo seleccionado quatro deles para destacar os defeitos da humanidade. Assim, os roncadores personificam a arrogância; os pegadores, a servidão ou o parasitismo; os voadores, a ambição; o polvo, a traição. Os estudantes leram extractos do Sermão da Sexagésima de António Vieira e apresentaram algumas peças musicais adequadas à época tocadas à viola e com flautas. Eduardo Bento já declamou extractos do sermão em escolas, igrejas e até na Sé Catedral de Santarém. Diz que sente o texto como seu. Radicado em Torres Novas há muitos anos sempre esteve ligado ao teatro. Em 2009, quando completou 65 anos, um livro de poemas intitulado “O nevoeiro dos dias”.Alberto Bastos
Pregação aos peixes na Igreja Matriz do Entroncamento

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