Edição de 2012.02.23 1ª página Especial Personalidades do Ano Personalidades do Ano são quem nos ...
Personalidades do Ano são quem nos obriga a estar à altura das nossas responsabilidades
Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares fez o elogio público dos que com ele subiram ao palco
Em Tomar, no cine-teatro Paraíso, os distinguidos por O MIRANTE não se ficaram pelos agradecimentos e palavras de circunstância. Alguns discursos foram mobilizadores. Outros inspiradores. Álvaro Pinto Correia, prémio Vida fez a surpresa de ler em palco o essencial da linha editorial de O MIRANTE, publicado na sua primeira edição, a 16 de Novembro de 1987: “Quem nos conhece sabe que somos persistentes, que não voltamos as costas ao que se tornou difícil e que não fazemos o elogio da mediocridade”.
O MIRANTE voltou a reconhecer o mérito das grandes personalidades e obras da região: o árbitro de futebol, as meninas campeãs dos trampolins, a jovem que leva o fado aos quatro cantos do mundo e o cavaleiro tauromáquico que gosta de ajudar os melhores. Álvaro Pinto Correia, prémio Vida, declarou aos 79 anos que está disposto a continuar a trabalhar. Os políticos aplaudiram. Os premiados na área da Cidadania e Associativismo também. As Personalidades do Ano distinguidas pelo Jornal O MIRANTE simbolizam as grandes obras e pessoas da região e do país. “São aqueles que trabalham directamente para os outros e nos obrigam a saber estar à altura das nossas responsabilidades”. As palavras são do ministro dos Assuntos Parlamentares e presidente da Assembleia Municipal de Tomar, Miguel Relvas, que discursou ao receber o prémio Personalidade do Ano, na cerimónia que decorreu ao final da tarde de quinta-feira, 16 de Fevereiro, no Cine-Teatro Paraíso, em Tomar, enchendo a casa. A cerimónia foi abrilhantada com a actuação dos músicos da Associação Canto Firme de Tomar.O governante, braço direito do actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, confessou que não gosta de receber distinções. Só aceitou receber o prémio e conceder uma entrevista a O MIRANTE com a condição de que fosse conduzida pelo actual director, Alberto Bastos, e pelo director-geral, Joaquim António Emídio, que o entrevistaram há 20 anos de forma a que a coerência das suas palavras fosse confirmada.O prémio de política foi para o presidente da Câmara Municipal de Benavente, António José Ganhão (CDU), que cumpre o nono mandato à frente da autarquia aos 66 anos. Só o limite de mandatos o impede de voltar a candidatar-se. O autarca prometeu guardar a distinção na “gaveta esquerda do coração onde guarda as melhores coisas da sua vida” que lhe dão forças para continuar a trabalhar pelo bem estar das populações. Partilhou a distinção com amigos que o ajudaram a crescer enquanto ser humano e autarca e não esqueceu funcionários, dirigentes e vereadores. No feminino, também na área da política, a premiada foi Lucília Vieira. Depois de acumular uma vasta experiência no Instituto de Emprego e Formação Profissional, onde assumiu cargos de direcção, chegou à Câmara de Ourém em 2009. “Procuro desempenhar o meu papel com rigor, tomar decisões com equidade e justiça, como acho que todos devemos fazer”, discursou. Agradeceu a Octávio Oliveira, o primeiro “grande chefe” com quem aprendeu muito do que sabe, aos profissionais do centro de emprego, à equipa na câmara, à família e a Sandra, o seu braço direito na empresa. Dedicou o prémio à mãe.Manuel Jorge de Oliveira, cavaleiro tauromáquico com mais de 30 anos de carreira, nascido em Azambuja e a residir no Cartaxo, sentiu-se lisonjeado por receber o prémio da tauromaquia já que toda a vida viveu rodeado de cavalos e toiros. Declarou-se defensor das tradições portuguesas e mesmo no estrangeiro sempre o seu país. “Nunca neguei nada daquilo que somos e os resultados têm sido positivos tanto que muitos estrangeiros são aficionados”, ilustrou.A Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, premiada pelo trabalho na área do associativismo, foi fundada em 28 de Março de 1877 com o objectivo de manter uma banda filarmónica e implementar uma biblioteca. O representante da direcção da Sociedade agradeceu o prémio dirigido a toda a instituição, incluindo directores, funcionários e sócios da associação.O representante da associação agradeceu o prémio entregue à colectividade que representa também o reconhecimento pelo “papel que o movimento associativo tem desempenhado ao longo das décadas acompanhando as transformações sociais do país”.Júlio Clérigo, presidente do Choral Phydellius, confessou-se surpreso pelo facto de ver reconhecido o mérito cultural da associação que nunca se colocou em bicos dos pés. “Se alguém nos viu no meio da multidão foi porque nós lá estávamos”.O dirigente lembrou uma frase de São Paulo para ilustrar a filosofia do Choral Phydellius que soube junto dos mais variados estratos sociais angariar gente para construir o projecto. “Fiz-me fraco com os fracos, fiz-me grande com os grandes e fiz-me pobre com os pobres para ganhar alguns deles”, citou lembrando que vale a pena dedicar a vida a uma causa por um caminho que trilham há 55 anos.O prémio Vida coube a Álvaro Pinto Correia, 79 anos, engenheiro de formação, que desempenhou funções como secretário de Estado da Construção Civil e da Habitação e Urbanismo, foi administrador da Caixa Geral de Depósitos e administrador não executivo da Sociedade Hidroeléctrica de Cahora Bassa. “Toda esta vida foi longa. Fui chamado a fazer muita coisa e digo com muita franqueza que tudo o que fiz foi com muito gosto. Ainda estou disponível para fazer mais coisas”, disse aproveitando para elogiar o jornal. Tirando do bolso um papel, leu as palavras que o fundador de O MIRANTE e actual director-geral, Joaquim António Emídio, escreveu na primeira edição, saída a 16 de Novembro de 1987: “Quem nos conhece sabe que somos persistentes, que não voltamos as coisas ao que se tornou difícil e que não fazemos o elogio da mediocridade”.Álvaro Pinto Correia confirmou que este tem sido o lema do jornal e dos jornalistas de O MIRANTE. “É um jornal informativo de grande qualidade. O informativo passa a formativo por dar informação de qualidade, actualizada e independente. Ajuda a formar as pessoas que o lêem que ficam munidas de informação para tomar as decisões quando têm que as tomar”, enalteceu.O árbitro, as meninas que saltam e a jovem que canta o fadoCatarina Marcelino, a directora técnica da Fundação Madre Luiza Andaluz, instituição de Santarém que acolhe crianças do sexo feminino abandonadas ou provenientes de famílias disfuncionais, levou para casa o prémio cidadania mas recebeu-o declarando humildemente que mais não fez do que o seu trabalho para o merecer.“Acho muito bonito que um jornal valorize coisas tão simples. Nós devíamos ser assim. Eu, o árbitro, as meninas que saltam e a que canta o fado. É a nossa vida e só faz sentido se for vivida com entrega”. Catarina Marcelino sublinhou que o prémio que recebeu é de todos com quem trabalha já que só foi possível “porque existe uma fundação Luísa Andaluz, porque existem meninas, porque existe uma congregação, porque existe uma família e muitos amigos.A directora recordou um pensamento de Luísa Andaluz para quem um “doce programa de vida é “fazer o bem à imitação do mestre divino, tornar felizes os que nos rodeiam”.André Gralha, premiado no desporto masculino, agradeceu o prémio e elogiou O MIRANTE pela audácia de distinguir um árbitro de futebol, classe que tem sido falada nos últimos tempos a nível nacional não pelas melhores razões. “Um árbitro de futebol é normalmente assobiado e a maior parte das vezes criticado”, discursou agradecendo a instituições, como o Inatel, a Associação de Futebol de Santarém e a Federação Portuguesa de Futebol. Dedicou o prémio aos amigos e à família, em particular ao pai e tio, também árbitros.As irmãs gémeas Ana e Andreia Robalo, prémio desporto no feminino, vice-campeãs do mundo em duplo mini trampolim no Campeonato do Mundo de Ginástica de Trampolins e Tumbling, que se disputou em Inglaterra, integram o Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos mas vivem na aldeia da Fajarda, concelho de Coruche. Agradeceram à família e à Câmara Municipal de Coruche que ajudou a pagar algumas viagens ao estrangeiro em que as atletas representaram Portugal, bem como à Câmara de Salvaterra, dirigentes associativos, treinadores e amigos que as ajudaram a enfrentar as vicissitudes de uma lesão ou o medo de falhar um salto.Joana Amendoeira, 29 anos, prémio cultura feminino, é considerada um dos novos rostos do fado embora já pise os palcos há muitos anos e seja uma intérprete sobejamente conhecida em Portugal. A fadista de Santarém, que consolidou a sua carreira internacional em 2011, agradeceu a O MIRANTE a entrega aos artistas ribatejanos e dedicou o prémio a todos “os intervenientes do universo do fado do Ribatejo que dão cartas em todo o país e no mundo”. Impulso revolucionário precisa-se quando parecemos todos embalagens de supermercado“Às vezes parece que o país parou no tempo e que somos quase todos embalagens dos supermercados Continente e Pingo Doce. Não é o caso das pessoas e das instituições que distinguimos”. O director-geral de O MIRANTE, Joaquim António Emídio, assinalou o início de mais uma cerimónia de entrega dos prémios Personalidade do Ano lamentando que falte “impulso criativo, revolucionário no bom sentido da palavra, que já teve dias bem melhores e protagonistas muito mais entusiastas”.Joaquim António Emídio dispensou os “paninhos quentes” no discurso e foi realista: “Isto está mau para os jornais e para a comunicação social em geral. Apesar da assinatura de O MIRANTE ser das mais baratas do mundo, o pessoal está a cortar-se nas despesas e lê o jornal no café ou na taberna poupando uns trocos com a assinatura. Isto para não falar nas receitas da publicidade que, como todos sabem, é a primeira medida de contenção nas empresas em tempo de crise ou maiores dificuldades”, constatou. Como é que em tempos de vacas magras é então possível subir a um palco e partilhar desta forma tão despudorada os efeitos da crise que se atravessa? “O MIRANTE é um jornal que faz a diferença na forma como pratica o jornalismo de proximidade e sustenta-se numa empresa que se organiza na prática das melhores regras de gestão”, justificou.Há dez anos o jornal era dos maiores beneficiários do país de um sistema de apoio do Governo ao envio de jornais pelo correio designado Porte Pago. Hoje continua a editar e a enviar as edições pelo correio mas saiu por vontade própria do sistema depois de ter negociado com os CTT melhores preços no mercado.Ainda a troika era uma ameaça já se falava alemão na redacção de O MIRANTE e nos outros departamentos onde se aprende todos os dias a organizar e reorganizar para não perder o mercado da publicidade como o anterior Governo perdeu as eleições e o actual se vê grego para levar a água ao seu moinho, disse Joaquim António Emídio.“Há quatro anos, quando a crise começou a fazer-se sentir, fizemos uma parceria com o Expresso que nos garante uma distribuição semanal de dez mil exemplares pelos leitores sem um cêntimo de custo. Para quem não sabe o grande desafio de uma publicação não é só a constituição de uma boa redacção nem a impressão do jornal mas sim os custos e a eficiência da distribuição”, confidenciou.Organizar a iniciativa e premiar personalidades e instituições é uma forma de mostrar trabalho enquanto “maior elo de ligação entre uma vasta região que está para lá e para cá do Tejo mas também às portas do Oeste ou paredes meias com o Alentejo”. “Temos muito orgulho em distinguir as pessoas e as instituições que ajudam a fazer a diferença e são parceiros deste trabalho e desta vontade leonina de mostrar serviço para que não nos chamem nomes feios como nos tempos de má memória que ainda hoje limitam a nossa vida democrática e nos afastam dos melhores padrões de cultura e civismo europeus”, concluiu.“Os municípios não são ilhas isoladas” António José Ganhão defendeu a intermunicipalidade como caminho a seguirOs municípios não podem ser os bodes expiatórios da crise ou os maus da fita até porque de acordo com as contas públicas de 2010 não contribuíram em um cêntimo para o défice público do país. Quem o garante com clareza é o presidente da Câmara Municipal de Benavente, António José Ganhão (CDU), vice-presidente do conselho directivo da Associação Nacional dos Municípios Portugueses e membro do conselho de administração da empresa intermunicipal Águas do Ribatejo.“Há situações a corrigir mas é com o aprofundamento da proximidade que podemos concretizar melhor o plano de contingência perante a situação grave que o país atravessa”, defendeu apelando ao contributo de todos para que seja possível seguir os caminhos que são necessários para que o país ultrapasse a situação. “Sou daqueles que não desistirá. Sou daqueles que não baixará os braços perante as dificuldades”, garantiu. O autarca, premiado na área da política, tem desbravado com outros presidentes de câmara os caminhos da intermunicipalidade fundamentais para que os recursos de um país pobre sejam melhor geridos. “Os municípios não são ilhas isoladas. Não terminam na extrema onde se colocam os marcos dos respectivos municípios. Não podemos continuar a cometer erros. Cada Plano Director Municipal consagrou uma área industrial. Os fundos comunitários foram canalizados para lá e hoje muitas dessas áreas industriais são cemitérios”, exemplificou aludindo à nova estratégia de colaboração entre municípios vizinhos e de investimentos comuns que deseja ver, finalmente, implementada.
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