Assisti, por motivos familiares, ao carnaval das escolas do Entroncamento, na sexta-feira dia 17 e dei por mim a reflectir sobre o abrasileiramento do país desde a entrada das telenovelas da Globo até aos nossos dias. A ideia das escolas foi fazer um carnaval multinacional. Cada grupo de crianças foi vestida com trajes tradicionais de outros países e cada grupo era identificado também com a bandeira do país que representava. Nalguns casos foram crianças filhas de imigrantes residentes na cidade que fizeram o papel de porta-bandeiras. A ideia foi original embora em alguns países o carnaval não seja celebrado da forma como nós o celebramos ou não seja mesmo celebrado de todo. O que me fez meditar no abrasileiramento foi o facto de a música que animou o desfile ser toda ela, brasileira. Nada de estranhar. No dia seguinte à noite ao assistir na televisão às reportagens das televisões sobre os carnavais de Sesimbra, Mealhada, Loulé, Madeira, etc...também verifiquei que o nosso carnaval está bem brasileiro. Tão brasileiro que para além da música de samba a maioria das entrevistadas era brasileira. Ou seja, a juntar às telenovelas temos os jogadores de futebol que actuam em Portugal que são na sua grande maioria brasileiros (mesmo na Taça Inatel), um carnaval bem brasileiro, imensos trabalhadores e trabalhadoras oriundos do Brasil e até já estamos a ensinar as nossas crianças a escrever com a grafia utilizada no Brasil. Pela minha parte nada tenho a opor. Entre o espírito luterano alemão e o espírito hedonista brasileiro, escolho o segundo. Entre a senhora Merkel e a senhora Dilma prefiro a segunda. Quanto à língua nem vale a pena perguntar. O que eu pergunto é: mas que raio andamos nós a fazer aqui na Europa???Fernando Carvalho