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O ferrador que aos 81 anos continua a executar o ofício

O ferrador que aos 81 anos continua a executar o ofício

António Mesquita, 81 anos, já não tem a força de há uns anos mas ainda se sente com capacidade para ferrar cavalos. Ainda é chamado para colocar em prática a sua arte quando o serviço dos novos ferradores fica mal feito. “Há uns dias tratei de um cavalo que tinha formigueiro nas patas. Hoje em dia tratam-se os animais com máquinas e medicação”, nota. Foi aos 12 anos que um dos últimos ferradores de Benavente saiu da escola para ir aprender o ofício com o mestre Alfredo Figueira Roque. Trabalhou durante dois anos sem ganhar ordenado, antes de passar a ganhar 10 escudos por dia. Partia na bicicleta do patrão, carregado com ferraduras e ferramentas, e chegava a colocar ferraduras em mais de 20 cavalos por dia. O trabalho chegava para todos, mas ganhava-se muito mal e o ofício que “dava cabo do corpo” não era muito apreciado. Também chegou a ferrar bois. “Precisávamos de quatro paus para os travar, depois metíamos uma cilha por baixo da barriga e levantávamos os animais no ar”, recorda. Aos 30 anos, António Mesquita empregou-se numa fábrica e continuou a exercer o ofício apenas aos fins-de-semana. “Na altura ganhava-se 28 escudos por cavalo enquanto agora se levam 60 euros. Se não tivesse ido para uma fábrica, não sei como seria agora a minha reforma”, reconhece. Reformou-se aos 65 anos, mas continuou a ferrar com regularidade até aos 75 anos. Hoje ainda o chamam, mas trata apenas de cavalos mansos que são usados em concursos e não exigem tanta força do ferrador. Mesmo com todas as dificuldades por que passou, António Mesquita recorda com nostalgia a profissão que sempre amou. “Nunca ninguém punha defeitos no meu trabalho”, conclui.
O ferrador que aos 81 anos continua a executar o ofício

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