Um mercado municipal do terceiro mundo que ninguém recupera apesar de muitas promessas
Produtos são vendidos em péssimas condições mas câmara diz que novo mercado não é prioridade
O mercado de Manique do Intendente, no concelho de Azambuja, está a funcionar sem o mínimo de condições. Apesar das várias promessas de reparação nada foi feito. Os comerciantes temem por uma inspecção que encerre definitivamente o espaço e os clientes criticam a atitude do presidente da câmara, Joaquim Ramos, que entende que a construção de um novo mercado não é uma prioridade.
Há mais de 20 anos que o mercado de Manique do Intendente, no concelho de Azambuja, funciona sem condições apesar das várias promessas de que iria ser arranjado. A última das quais em 2007, quando o presidente da junta, Herculano Martins (CDU), falou na possibilidade de ser criado um novo mercado junto à antiga escola primária. Mas até agora nada foi feito. O mercado continua no mesmo sítio, pequeno, com piso irregular, caixas de fruta empilhadas no chão, bancas sem condições e falta de uma cobertura que evite que o Sol estrague os alimentos. Os comerciantes e os clientes estão revoltados com o estado de abandono a que o espaço foi votado e apontam o dedo à câmara municipal. Quem ali faz negócio, a poucos metros do palácio de Pina Manique, teme pela visita de uma inspecção e que o espaço seja encerrado por falta de condições. “Temos poucas condições, sobretudo a falta de bancas como deve ser, um pequeno telhado e gostávamos de ver o chão arranjado”, lamenta Pedro Correia, um dos seis comerciantes do mercado. O espaço funciona três dias por semana. “O sítio onde se encontra é espectacular e o ideal era recuperá-lo”, defende. Quem compra também não gosta de ver o estado em que os comerciantes têm de trabalhar.A maioria dos comerciantes diz não se importar em pagar uma taxa adicional de ocupação do mercado, se isso significar o arranjo do espaço. “O que queremos é ver isto arranjado, pelo menos que seja colocada uma cobertura e que o piso seja reparado”, defende Isabel Silva, comerciante. Há 23 anos que vende no mercado de Manique do Intendente e “sempre se lembra” de ver o espaço em mau estado. “Vê-se outros mercados bonitos e com boas condições e nós aqui nada”, lamenta. Apesar do sentimento de revolta ser geral ainda há comerciantes que dizem já não adianta fazer queixas. “Não vai servir de nada, fala-se muito e ainda nos arriscamos a vir cá uma inspecção qualquer e fechar isto”, desabafa um comerciante. A limpeza e manutenção do mercado é uma responsabilidade da junta de freguesia mas todas as intervenções de fundo competem à câmara municipal. O presidente da junta de Manique do Intendente, Herculano Martins (CDU), reconhece que a manutenção tem sido assegurada mas que se está a tornar cada vez mais difícil fazer a limpeza do espaço por falta de azulejos. “O mercado não tem o mínimo de condições. Foi construído muito antes do 25 de Abril, tem bancas de peixe e de fruta e não se admite que se lave peixe em baldes e se venda a fruta no chão”, lamenta o autarca.Contactado por O MIRANTE, o presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Joaquim Ramos (PS), explica que a construção de um novo mercado em Manique não é uma prioridade para o executivo. E atendendo às dificuldades financeiras do município não há dinheiro para a recuperação do actual espaço e muito menos para fazer um mercado novo. O presidente da junta lamenta a decisão do presidente da câmara. “O Joaquim Ramos não se interessa muito com o mercado de Manique, tem outras prioridades como a praça de toiros”, critica.
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