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Corrida de carrinhos de rolamentos em Alverca

Nas férias da escola, já lá vão mais de trinta anos, eu ia com alguns amigos para o passeio largo da minha rua que tinha um grande declive, andar num carrinho de rolamentos. Era um veículo rudimentar feito com tábuas apanhadas nas obras. Não tinha guiador e era conduzido com recurso a um cordel que se amarrava em cada uma das pontas da ripa onde estavam encaixadas as rodas da frente. As brigas que nós tínhamos com algumas senhoras, a certas horas do dia. Elas queriam dormir a sesta. Nós queríamos brincar. Os rolamentos a passarem no intervalos das pedras faziam um barulho toc-toc-toc que dava cabo dos nervos a qualquer um, mas nós desconhecíamos esses incómodos dos adultos e voltávamos em grande algazarra com o carrinho às costas, de lá de baixo até ao cimo da rua para voltarmos a descer numa velocidade alucinante que, não poucas vezes, originava despistes e trambolhões. Os meus filhos fazem o mesmo barulho agora mas com os skates. Eles e os amigos. E eu, que fugia da minha mãe para não dormir a sesta mas que, principalmente na altura das férias de Verão, não a dispenso, fico na cama de olhos abertos a pensar na infância enquanto a minha mulher se enerva com o barulho das rodas das pranchas a bater no chão com estrondo. Albano Sarroeira

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