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A festa brava em Vila Franca de Xira tem que ser reinventada

A festa brava em Vila Franca de Xira tem que ser reinventada

Há quem defenda que volte a sorte de cadeira e o salto de vara às corridas

A festa de toiros em Vila Franca de Xira precisa de ser reinventada, tal como os antigos fizeram quando incluíram nos programas a sorte de cadeira e o salto de vara. Se puder lucrar com isso o comércio vai ajudar, garante o presidente da ACIS.

A festa dos toiros em Vila Franca de Xira tem que inovar para atrair novos públicos, tal como se fez no século passado. A ideia foi defendida pelo novo presidente da Associação de Comércio, Indústria e Serviços dos concelhos de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos (ACIS), Carlos Monteiro, durante um debate sobre tauromaquia intitulado “Vila Franca: terra de toiros e toureiros?”, que decorreu na noite de quinta-feira, 15 de Março, no auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, organizada pelo PSD. Carlos Monteiro admite que o grande problema foi Vila Franca de Xira ter parado no tempo enquanto que outros concelhos copiaram o modelo. Uma ideia partilhada por Luís Capucha que lembra que nos concelhos vizinhos de Azambuja e Benavente a festa é replicada com sucesso.O presidente da ACIS defende que a criação de novos motivos de atracção na festa é o grande desafio que se coloca à tauromaquia em Vila Franca de Xira. A comemoração dos 800 anos do foral, sublinha, pode ser pretexto para isso mesmo. “E porque não voltar a ter o toiro à corda, a sorte de cadeira e o salto de vara nas corridas como no passado? Não vale a pena tentar os toiros com espuma porque em Espanha já experimentaram e não resultou”, desafia. “O comércio vai ajudar se tirar dividendos disso”, avisa.Carlos Monteiro considera que os vilafranquenses não souberam integrar os imigrantes na festa, como os brasileiros, e estes acabaram por criar festas paralelas que motivaram confusões e levaram alguns comerciantes a querer fechar portas nesses dias. “Há um trabalho gigantesco a fazer. Há comerciantes que no Colete Encarnado saem o fim de semana. Temos que levar as pessoas a querer abrir as portas nestes dias”, propõe. Carlos Monteiro avisa ainda que uma festa como o Colete Encarnado não pode ser preparada apenas alguns meses antes mas com um ano de antecedência.O crítico taurino João Mascarenhas lamenta que a festa em Vila Franca de Xira esteja cada vez mais descaracterizada e que a cidade não saiba aproveitar as condições naturais de que dispõe. João Mascarenhas recorda os restaurantes típicos como o Maioral, o Paramês, o Zé dos Frangos e o Tareco que através da gastronomia ajudavam a promover a festa. “Costumávamos trazer ganadeiros à Estalagem da Lezíria e do Gabo Bravo. Tudo isso acabou”, lamenta. Acabaram também os barretes verdes, os capotes da Casa Patrício, os sapatos de prateleira e os fatos curtos bem como a caldeirada e ensopado de enguias com folhas de louro. “Vinham barcos do Montijo”, recorda.Para ver os toiros a Vila Franca de Xira chegava-se não só de barco mas de comboio. Não é por acaso que os programas traziam em pormenor os horários dos comboios que vinham de Lisboa, como demonstrou David Silva, técnico superior de cultura na Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira.A Palha Blanco também enchia à conta de aficionados de fora e não só da terra nos tempos em que Vila Franca se orgulhava de ter das melhores corridas de toiros de morte. “É pena que a festa de Vila Franca de Xira, também religiosa, esteja descaracterizada e não seja protegida pela Senhora de Alcamé”, lamentou João Mascarenhas.
A festa brava em Vila Franca de Xira tem que ser reinventada

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