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Moradores de Foros da Charneca alarmados com onda de assaltos

Moradores de Foros da Charneca alarmados com onda de assaltos

População tem medo de sair à rua depois da violenta agressão a casal de ourives

A população da aldeia de Foros da Charneca, concelho de Benavente, está chocada com o que aconteceu ao casal de ourives que esteve perto de nove horas sequestrado dentro da própria casa. Só este ano, já meia dezena de casas foram assaltadas. Os moradores querem mais patrulhas da GNR e criticam a redução da iluminação pública como medida de poupança.

Foros da Charneca não tem memória de um crime tão violento como o que aconteceu na noite de sexta-feira e se prolongou pela madrugada de sábado. Armindo Santos e a esposa Clarinda Santos, ambos de 70 anos, donos de uma ourivesaria em Benavente, foram torturados em casa durante nove horas por quatro ladrões que procuravam o ouro do casal (ver caixa). Os moradores estão “chocados” e “assustados” com o crime e confessam que já esperavam por algo semelhante. Este ano pelo menos cinco casas já foram assaltadas neste lugar do concelho de Benavente, algumas em plena luz do dia. Perpétua Chitas, de 67 anos, e o marido Anacleto Eduardo, de 69, têm ainda bem vivas as memórias do dia 16 de Fevereiro quando foram assaltados. “Eu estava num anexo da casa e já tinha visto um carro a passar muito devagarinho, mas não liguei. De repente oiço as portas de casa a bater e o carro a arrancar a alta velocidade”, explica. O relógio marcava as 11h00. Quando chegou a casa, encontrou a roupa remexida e algumas gavetas abertas. Os ladrões levaram dinheiro e o ouro que encontraram. O roubo rendeu perto de 500 euros. Esta já é a segunda vez que o casal é assaltado. “Tenho medo de estar em casa de dia ou de noite. Estamos sempre fechados a sete chaves”, conta Perpétua Chitas. O receio aumentou quando a câmara decidiu diminuir a iluminação pública para poupar. Alguns candeeiros da Rua Santo António, onde está a sua casa, foram desligados e o casal tem medo de andar na rua quando escurece. Quatro dias antes do violento assalto ao casal de ourives, a casa de Jorge Rosado, de 48 anos, também foi atacada. Quando chegou na manhã de 13 de Março à residência encontrou um esquentador na rua. Os larápios roubaram todo o enxoval que andava a juntar para os dois filhos, desde cobertores, lençóis, a serviços de cozinha. No total perdeu cerca de 1700 euros. “Foros da Charneca deixou de ser um lugar seguro para viver. Está isolado, as casas distam todas umas das outras e mesmo que eu grite por socorro o vizinho não consegue ouvir”, explica. Para o jovem casal Susana Marcelino e Telmo Faria outro dos problemas prende-se com a falta de patrulhamento. “Precisávamos que a guarda passasse pela localidade mais vezes durante o dia e a noite”. À noite são muitos os tiros que a população de Foros da Charneca tem ouvido. “As pessoas quando notam movimentos estranhos têm disparado para o ar para afugentar quem vem com más intenções”, explica Valentino Guerreiro, de 78 anos. Mas nem isso têm ajudado a afastar os ladrões. Ganhão não associa assalto aos ourives à falta de iluminação públicaO presidente da Câmara de Benavente, António José Ganhão, recusa-se a associar o desligamento de alguns candeeiros nos Foros da Charneca ao assalto que aconteceu ao casal de ourives. “Este caso é muito particular. Os ladrões serviram-se do isolamento para assaltar e tinham tudo planeado. Estudaram a vida das pessoas e andavam à procura do ouro”, explicou o autarca na última reunião de câmara. A informação surgiu depois do vereador da oposição, José da Avó (PSD), ter chamado a atenção para o facto de recentemente terem sido desligadas algumas luzes nas zonas mais despovoadas do concelho, em especial nos Foros da Charneca. Recorde-se que a autarquia desligou alguns candeeiros públicos para conseguir poupar na conta da electricidade. “Não existe mais segurança nas zonas urbanas do que nas rurais. Os moradores das zonas mais pequenas não espantam só pássaros com as suas armas, mas tudo o que mexe”, explicou o autarca. Ganhão acrescentou ainda que a medida tem permitido poupar à autarquia cerca de 35 euros por lâmpada mensalmente e que todas as queixas dos moradores são devidamente analisadas para se voltar a colocar iluminação caso se justifique.Donos de ourivesaria de Benavente torturados durante nove horasO casal de ourives Armindo Santos e a esposa Clarinda Santos, ambos de 70 anos, foram sequestrados e torturados durante nove horas na sua casa em Foros da Charneca na noite de 16 e madrugada de 17 de Março. Clarinda Santos encontrava-se no quintal da sua casa quando por volta das 19h00 do dia 16 de Março foi surpreendida por quatro ladrões encapuzados que a amarraram e fecharam dentro de um quarto, revela uma fonte policial. O marido, Armindo Santos, com a mesma idade, chegou a casa por volta das 19h30. Tinha à sua espera os mesmos ladrões que depois de o agredirem no rosto com a arma, o amarraram e amordaçaram com fita adesiva. Os dois foram colocados em divisões diferentes da casa. O casal, dono da ourivesaria “O Campino” localizada em Benavente, foi torturado durante mais de nove horas para revelar onde tinham o ouro e o dinheiro. Dos quatro ladrões, dois acabaram por sair mais cedo da casa dos idosos, roubando um carro, e dirigiram-se para a ourivesaria localizada no centro da vila. Existem indícios de tentativa de arrombamento, mas acabaram por partir sem conseguirem entrar no estabelecimento. Os outros dois ladrões que saíram mais tarde da casa do casal levaram todo o ouro e dinheiro que encontraram. O casal partiu no sábado, 17 de Março, para a casa que possuem em Lisboa por se encontrarem visivelmente abalados. A ourivesaria permanece com as portas fechadas.
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