Moita Flores acusa PS de manipular contas da Câmara de Santarém
Autarca não gostou de ver oposição puxar pelo número de 100 milhões de euros de dívidas
O presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD), acusou esta segunda-feira o PS de se aproveitar da aquisição das instalações da antiga Escola Prática de Cavalaria (EPC) pelo município para manipular o valor da dívida da autarquia e assim atingir o número “simbólico” dos 100 milhões de euros. Uma atitude que considera “intelectualmente desonesta”.A dívida da autarquia no final de 2011 apontava para um valor de 99,6 milhões de euros, estando incorporada nela a verba de 16 milhões de euros a pagar pela câmara por aquele património a partir de 2014, já que o contrato de compra e venda tem três anos de carência. Na discussão das contas da Câmara de Santarém referentes a 2011, Moita Flores sublinhou que caso não se tivesse efectivado esse negócio, aprovado por toda a oposição em assembleia municipal, a dívida da autarquia andaria pelos 83 milhões de euros, longe do número redondo que os socialistas têm aproveitado para fazer “propaganda” e “vender jornais”. As contas da autarquia foram aprovadas pela maioria PSD com os votos contra dos dois vereadores do PS que justificaram a sua posição afirmando que a gestão do executivo liderado por Francisco Moita Flores (PSD) “continua a ser devastadora para o município” e referindo o valor “astronómico” da dívida de 100 milhões de euros, o dobro da que terá sido deixada pelo PS em 2005.Moita Flores reagiu considerando “desonesto” o PS querer “passar o valor dos 100 milhões de euros” de dívida sem referir que a dívida de 2011 reflecte os 16 milhões de euros que a autarquia terá que pagar à Estamo pela compra da antiga EPC, sublinhando que esse valor tem “plasmada toda a dívida”, incluindo a que foi herdada de 30 anos de gestão socialista.António Carmo (PS) contrapôs com o aumento da dívida de curto prazo (mais 2,3 milhões de euros em 2011) e da dívida a terceiros, que, num ano, “aumentou mais que os 16 milhões do custo da EPC” (17,2 milhões de euros), criticando ainda a subida de 2,3 milhões de euros em aquisição de bens e serviços.A vereadora das Finanças, Catarina Maia, garantiu que as contas de 2011 têm um saldo corrente positivo, sublinhando que há que ter em conta o aumento das taxas de juros e os contratos para os serviços de refeições e transportes escolares, frisando que há nesta área uma “dívida elevada” da administração central.Durante a discussão, Moita Flores disse esperar ver os 44 milhões de euros de dívida a curto prazo a fornecedores incluídos no pacote que o Governo vier a aprovar até final do primeiro semestre no âmbito do orçamento rectificativo para saneamento da dívida das autarquias.O autarca rebateu ainda a tese socialista de que a gestão de Moita Flores pouco mais tem feito que a realização de festas e eventos, referindo as intervenções de requalificação urbana na cidade, os centros escolares ou as obras na área do saneamento básico.Moita Flores não cumpre promessa de publicar a sua agenda de trabalho na InternetA promessa feita no dia 26 de Janeiro de 2012 pelo presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD), no seu blogue Projétil na Internet, não está a ser cumprida. Na altura, o autarca, após ter enveredado pelo regime de não exclusividade no exercício das funções autárquicas por motivos de saúde, garantiu que iria publicar semanalmente naquela plataforma a sua “agenda diária de trabalho”. Uma resposta às notícias que o davam como estando a “meio tempo” na autarquia e que motivaram alguma irritação da sua parte.“Todas as semanas será publicada para que se saiba a diferença entre quem, apesar de doente, não abdica dos seus juramentos de lealdade, e aqueles que usam a maldade como a melhor arma da indecência, capazes de vender a sua dignidade por um prato de lentilhas, por isso mesmo incapazes de perceber que essa mesma dignidade se constrói com esforço, trabalho, dedicação e muito desprendimento da vida”, escrevia Moita Flores. A verdade é que após ter publicado alguns textos em jeito de relatório semanal sobre as suas actividades, há cerca de um mês deixaram de aparecer os textos com referências à sua agenda de trabalho. E Moita Flores, que continua a recuperar de um problema de saúde, já não é a figura sempre presente que foi no seu primeiro mandato autárquico. O que leva os críticos a sugerirem que a sua partida de Santarém está para breve e que as notícias sobre uma sua possível candidatura pelo PSD em Oeiras são cada vez mais plausíveis.Quando Moita Flores optou pelo regime de não exclusividade, em 24 de Janeiro, justificou dizendo que nos próximos tempos iria ter de se submeter a várias “diligências médico-hospitalares”, embora tenha garantido ao executivo camarário que iria continuar a “dar o litro” no exercício das suas funções. “Vou continuar com a minha dedicação e forma de estar na vida, afirmou, referindo que não tem a “cultura da baixa e do atestado médico”.
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