Rapioqueiro Manuel Serra d’Aire
Proponho a entronização do presidente da Câmara de Torres Novas, o bigodudo António Rodrigues, como membro honorário da Confraria Marialva que acabei de inventar. E não é pelo seu peludo apêndice supra-labial, porque os bigodes voltaram a estar na moda e toda a gente os usa menos as mulheres desde que descobriram a cera e a depilação definitiva a laser.Se há coisa de que gosto em António Rodrigues é da sua genuinidade. O homem é assim (ele próprio o admite) e não há nada a fazer. A última foi a dos piropos lançados nas reuniões de câmara à nova vereadora da CDU, uma carinha laroca que tem resistido como pode ao assédio verbal do político socialista.E é aqui que bate o ponto. Andam sempre a criticar os políticos que são uns aldrabões, que dizem uma coisa pela frente e fazem outra por trás, que não têm palavra, que são uns troca-tintas, e o autarca marialva é castigado na praça pública porque atirou uns piropos à vereadora, tratando-a por querida e linda. Ora, se a jovem é realmente querida e linda, queriam que o homem lhe chamasse o quê? Os nomes com que mimoseia outros políticos da oposição? Apesar de já ser doutor, António Rodrigues não sabe o que são manuais de etiqueta nem leu os livros da Paula Bobone por isso não exijam de mais ao homem.Quem parece estar por dentro dos livros de boas maneiras é o PSD de Oeiras, que escreveu uma polida e apaixonada carta ao presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD), a pedir-lhe namoro, que é como quem diz: a convidá-lo para ser candidato por esse partido naquele concelho vizinho de Lisboa.“A Comissão Política da Secção Concelhia do PSD deliberou, por unanimidade, convidar vossa excelência para cabeça de lista da candidatura do PSD à Câmara Municipal de Oeiras, nas eleições autárquicas de 2013, dando assim corpo a uma candidatura forte, determinada e vencedora”, lê-se na carta. Diz lá que isto não é palavreado de quem bebeu chá em pequeno e que priva com a gente bem da Linha de Cascais? Assim dá gosto andar na política e é com alegria que vejo que as cartas de amor, apesar de ridículas, voltaram a estar na moda. Só não percebi ainda por que razão ficou toda a gente a saber do conteúdo desta antes do destinatário da mesma. Terá sido o carteiro a violar a correspondência?Este fim de semana fui até Almeirim desanuviar e acabei por me deparar com um festival internacional de folclore que me fez vir de lá de olhos esbugalhados. Pensava eu que só iria encontrar por lá aquela malta de meia idade trajada a rigor e com os fatos a cheirar a naftalina e deparo-me em palco com um grupo de moçoilas não sei bem de onde, réplicas da Jane do Tarzan, só com uns paninhos a tapar as partes pudibundas. Digo-te meu caro, já não via tanta baba junta desde a última vez que fui apanhar caracóis. A meu lado estava um fulano em transe que arfava mais do que o Obikwelu depois de correr os 100 metros. E perante aquela prova do que são as tradições e os trajes típicos de certas paragens tropicais descobri em mim um defensor acérrimo do folclore. Ou pelo menos daquele abençoado folclore. Saudações etnográficas do Serafim das Neves
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