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Obrigado pela felicidade única de ter vivido um dia como o 25 de Abril de 1974

Tenho 60 anos. Peço permissão para ocupar um pouco do espaço reservado aos leitores de O MIRANTE para falar do 25 de Abril de 1974. Do dia 25 de Abril de 1974 quando tomei consciência que o regime político que me atabafava estava em agonia. Agora as pessoas podem sair à rua após uma eleições para festejar a queda de um governo. Seja o do Cavaco Silva quando era ele o Primeiro-Ministro, seja o do Sócrates ou, futuramente o do Pedro Passos Coelho. Na altura não havia eleições livres. Foi na ponta das espingardas que o governo foi derrubado. O que se passou a seguir resultou de uma vontade colectiva. Umas coisas correram bem e outras mal. Nada de grave. Eu não ligava a questões políticas mas sentia-me aprisionado dentro do meu país. Gostava muito de ler e não podia ler livros que eu sabia existirem. Gostava de cinema e não podia ver filmes que eu sabia existirem. Gostava de falar livremente e havia sempre vozes que me alertavam para os perigos de exprimir ideias tão simples como ser contra a guerra ou a favor de uma maior liberdade sexual. Não estou zangado com a chamada revolução dos cravos nem me sinto frustrado por não se ter concretizado tudo o que eu sonhei. Não desejo um novo 25 de Abril porque o que vivi chega e sobra para me sentir um privilegiado até ao fim da vida. Como milhares de concidadãos estou desalentado com a actual situação mas quero aqui dizer que a culpa não foi do 25 de Abril. Independentemente das múltiplas motivações dos que derrubaram o governo de Marcelo Caetano quero dizer-lhes, pelo menos uma vez por ano, obrigado. Muito obrigado.Alfredo Márcia

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