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Piropos e gracinhas à nova vereadora da CDU dominam reunião de Câmara de Torres Novas

Piropos e gracinhas à nova vereadora da CDU dominam reunião de Câmara de Torres Novas

Filipa Rodrigues substitui Carlos Tomé até Setembro e vai ficar com muito que contar

Rodrigues dirigiu a última reunião do executivo mandando piropos a Filipa Rodrigues e impedindo que a nova representante da CDU falasse sem ser interrompida. A vereadora ficou nervosa baixou a voz e quase deixou de se ouvir na sala de sessões.

O presidente da Câmara de Torres Novas, António Rodrigues (PS), continua a protagonizar episódios dignos de figurarem nos registos anedóticos do país ao dirigir as reuniões do executivo. O caso agora envolve a nova vereadora da CDU, Filipa Rodrigues, 32 anos, que substituiu Carlos Tomé, o “dinossauro” da CDU na vereação da câmara torrejana.Desde que Filipa Rodrigues tomou posse que tem vindo a engolir um série de piropos que o presidente da autarquia não se cansa de lhe dirigir durante as reuniões de trabalho do executivo. “Querida vereadora” e “linda vereadora” são alguns dos mimos com que o autarca da Câmara de Torres Novas presenteia a arqueóloga de profissão, natural do concelho torrejano e que faz a sua estreia na política.Apesar de nervosa, e sentindo-se, aparentemente, pouco à vontade para responder à letra a António Rodrigues, Filipa não se cala nem mostra medo de enfrentar a arrogância e desrespeito de Rodrigues. A vereadora comunista exigiu na última reunião de câmara que António Rodrigues “parasse” com a utilização dos piropos e da linguagem menos própria quando se dirigisse a ela.“Os termos que utiliza são pejorativos e depreciativos e não é a forma mais correcta de tratar os vereadores da oposição. Nem os vereadores da oposição, nem ninguém, senhor presidente. Dê-se ao respeito”, criticou e desafiou a vereadora perante uma vereação e algum público que assistia à reunião e gozava o espectáculo proporcionado por António Rodrigues.Mesmo com a chamada de atenção da vereadora, Rodrigues não se emendou ao longo de toda a reunião, que durou mais de duas horas, mantendo a mesma postura e usando a mesma linguagem depreciativa para com Filipa. “Não consigo evitar. Está-me na massa do sangue”, ironizou, dando corda ao espectáculo que, no entanto, não cativava a restante vereação que se mantinha de olhos baixos e calada de cada vez que o engraçado do presidente da câmara se metia com a jovem vereadora.Para além dos piropos, Rodrigues aumentava o volume de voz e a rispidez da postura sempre que Filipa Rodrigues apresentava as suas propostas, interrompendo-a de forma abrupta, cortando-lhe o raciocínio, numa tentativa premeditada de atrapalhar e confundir a autarca ainda pouco rodada nas lides políticas. Quando Filipa Rodrigues resolveu trazer ao debate a situação difícil que se vive no seio dos bombeiros torrejanos, e quis apresentar propostas que ajudassem a resolver a situação, Rodrigues não permitiu, cortando-lhe a palavra com perguntas que ficavam sem resposta. “Mas a senhora quer apresentar o quê? Se tivesse estudado melhor o processo não fazia qualquer tipo de proposta. Não venha para aqui fazer folclore para os jornalistas escreverem”, disse alto e bom som, com o seu estilo e o seu bigode que parecia sorrir das suas próprias palavras. Esta foi uma das situações em que Filipa Rodrigues ficou visivelmente mais incomodada respondendo sempre ao presidente do município mas num tom de voz que não chegava à mesa nem era perceptível onde o jornalista de O MIRANTE fazia a cobertura da reunião. “Vivemos em democracia e os vereadores da oposição também podem manifestar as suas opiniões, mesmo que sejam contrárias à sua”, disse a determinada altura a arqueóloga, enquanto Rodrigues ria e gozava no seu papel de presidente e moderador do debate.Recorde-se que a vereadora da CDU substituiu o seu camarada Carlos Tomé até Setembro. O vereador comunista suspendeu o mandato por pertencer à comissão organizadora das Festas da Bênção do Gado em Riachos, que se realiza em Julho. Depois da reunião O MIRANTE falou com a vereadora e questionou-a sobre como estava a viver esta experiência e se tinha algum recado para mandar ao presidente através da jornalista de O MIRANTE. Filipa Rodrigues disse que não ia alimentar polémicas, que agradecia a oportunidade, mas que ia provar no exercício do seu lugar que está à altura de representar a CDU e superar as dificuldades acrescidas.Tem que haver respeito entre adversários políticosContactado por O MIRANTE, o vereador que pediu substituição até Setembro, explicou que a vereadora Filipa Rodrigues foi prevenida sobre a forma como decorrem as reuniões camarárias com o presidente António Rodrigues. Carlos Tomé (CDU) afirma que o teor dos comentários e piropos dirigidos à nova vereadora comunista é uma questão de “educação” e “respeito” de cada pessoa. “Quem está ligado à política em Torres Novas conhece bem o feitio peculiar de António Rodrigues”, diz Carlos Tomé.Para o autarca comunista, candidato em Torres Novas há várias décadas, esta não é a melhor forma de tratar as pessoas, muito menos os vereadores da oposição. “Infelizmente é uma situação habitual no presidente da câmara embora seja inadequada. O senhor presidente não conhece a nova vereadora de lado nenhum para lhe falar dessa maneira e tem que haver respeito”, sublinhou não querendo, no entanto, entrar em polémicas. Carlos Tomé refere ainda que é preciso “muita” paciência e calma para ouvir o que não se gosta. “Todos sabemos como é o presidente António Rodrigues”, concluiu.
Piropos e gracinhas à nova vereadora da CDU dominam reunião de Câmara de Torres Novas

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