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Filarmónicas juntaram-se para mostrar que não são o parente pobre da música

Maestros dizem que é cada vez mais difícil conseguir actuar em auditórios

A qualidade das bandas filarmónicas está a crescer mas nem por isso são aceites nos auditórios da região, que as continuam a classificar como parentes pobres da música. O lamento é dos maestros de algumas bandas da região e do país, que aproveitaram o quarto concurso internacional de bandas de Vila Franca de Xira para provar o contrário.

Faltam auditórios na região e no país que queiram receber concertos de bandas filarmónicas, por continuarem a encará-las como o parente pobre da música. O desabafo é de vários maestros que participaram no último fim-de-semana no quarto concurso internacional de bandas realizado no Ateneu Artístico Vilafranquense, em Vila Franca de Xira.Há cada vez mais jovens a aprender música e a qualidade tem melhorado ao longo dos anos. Mas nem assim as colectividades que têm auditórios disponíveis estão interessadas em convidar as bandas para actuar. “Preferem colocar outras iniciativas em vez de bandas. Isso deixa-me triste e continuamos a ter imensa dificuldade em conseguir tocar em auditórios”, lamenta a O MIRANTE Márcio Pereira, maestro da Sociedade Filarmónica de Instrução e Cultura Musical da Gançaria, Santarém.Além dos dirigentes das colectividades, falta também cultura musical nos espectadores. Como conseguir levar mais público aos concertos das bandas é o desafio. José Pedro Figueiredo, maestro da Academia de Música Banda de Ourém, acredita que isso pode ser conseguido com novas dinâmicas musicais, novos instrumentos e com uma nova interacção com o público. “É preciso envolver as pessoas e mostrar-lhes que temos muita qualidade”, defende. Há cinco anos era raro encontrar uma banda com um oboé, um fagote ou um xilofone. Hoje já existem músicos nas bandas a tocar esses instrumentos. É um sinal de progresso, diz Délio Gonçalves, maestro da banda do Ateneu Artístico Vilafranquense que em três dias reuniu mil músicos no concurso, visto por dois mil espectadores. “Há uma utopia relacionada com os nossos grandes auditórios que normalmente parecem destinados a outros eventos que não os amadores. Há um desconhecimento grande em relação à verdadeira capacidade que os agrupamentos amadores têm para proporcionar grandes espectáculos”, opina Délio Gonçalves .Dentro das bandas há quem defenda que têm de romper com a imagem de “música de procissão”. O maestro Rui Carreira, da Banda de Alcobaça, é um deles. “Faltam sempre espaços para tocarmos. Por isso há uns anos tomámos a opção de abandonar o serviço de rua e só tocamos dentro de casa. Isso permite construir um repertório de concerto mais interessante para quem nos ouve”, defende.Num ponto todos estão de acordo: nunca foi tão fácil aprender música. “Muitas associações até oferecem as primeiras lições”, garante José Figueiredo. Longe vão os tempos em que os músicos das bandas eram homens de idade avançada que depois de um dia de trabalho no campo iam beber um copo à taberna e tocar um instrumento à noite. Hoje a maioria das bandas é composta por jovens, muitos deles encarando a música como uma segunda oportunidade de trabalho caso a licenciatura os deixe no desemprego. “Temos hoje 49 elementos e a nossa média de idades ronda os 25 anos”, garante Rui Carreira.Banda da Gançaria vence um dos prémiosO quarto concurso internacional de bandas do Ateneu foi considerado um sucesso pela organização e volta a organizar-se em 2014. Entre os vencedores da noite esteve a Sociedade Filarmónica de Instrução e Cultura Musical da Gançaria, de Santarém, que recebeu 100 euros em partituras. Os vencedores foram ordenados por categorias e escolhidos de entre os melhores a tocar um conjunto de peças obrigatórias. Venceram a Banda Musical de Amarante, Associação Recreativa e Musical de Vilela e Associação Recreativa e Musical Amigos da Branca.

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