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O engenheiro agrícola madeirense que se fixou em Santarém

O engenheiro agrícola madeirense que se fixou em Santarém

António Rodrigues nasceu na Madeira mas tirou o curso de regente agrícola em Santarém, cidade onde construiu a sua vida

Examinar e diagnosticar as doenças das culturas e propor o seu tratamento com recurso a herbicidas químicos é o seu trabalho.

É no meio dos campos de cultivo do Ribatejo e do Pinhal Interior que António Rodrigues, 61 anos, desempenha a sua profissão e onde se sente bem. Podem ser vinhas, campos de milho ou tomatais extensos. É nesses cenários que o engenheiro agrícola, natural de Câmara de Lobos, ilha da Madeira, radicado na Portela das Padeiras, em Santarém, mais horas passa e cumprir a sua função: examinar e diagnosticar as doenças das culturas e propor o seu tratamento com recurso a herbicidas químicos da marca Bayer, empresa para a qual trabalha.Os dias são alternados entre idas a campos do Pinhal Interior, desde a fronteira com o distrito até à Sertã, e do Ribatejo, passando por parte do Alentejo, de Mora a Coruche, de Santarém à Chamusca, do Sardoal a Tomar. “A quem Deus quis bem deu terra de Vila Franca a Santarém”, graceja, lembrando que férteis são os campos da região.Tem 36 anos de experiência profissional no sector como delegado comercial e, mais recentemente, como assistente técnico. Começou por exercer na Rhone Pulenc a partir de 1976, empresa que se fundiu com a Aventis. O processo acabou com a Bayer a adquirir a Aventis. Em 2007 a multinacional efectuou uma reestruturação e dispensou pessoal até 57 anos de idade, António Rodrigues estava entre o grupo, mas voltou a ser readmitido, agora como assistente técnico.No dia a dia, tenta estabelecer parcerias com distribuidores e agricultores, visita os parceiros de negócio e tenta promover soluções para os problemas que diagnostica nas culturas com recurso aos chamados auxiliares (herbicidas, anti-infestantes e produtos químicos) no combate a doenças e pragas ou para aplicação de nutrientes. “Tenho que diagnosticar, detectar o problemas e avaliar em que fase está a problema de uma cultura, saber se tenho alternativas antes de sugerir o uso do químico e que viabilidade económica possui”, explica António Rodrigues, que faz uso da sua experiência e memória e, de vez em quando, recorre ainda a alguns manuais. Grande parte da sua actuação dá-se em campos de milho, tomate, vinha e hortícolas. Não costuma ter horários porque a qualquer hora pode ser chamado a diagnosticar uma situação e propor soluções.De Câmara de Lobos, António Rodrigues partiu novo para o continente. Frequentou o Seminário de Coimbra seguindo a tradição familiar de um tio que foi sacerdote missionário. Frequentou o liceu D. João IV na cidade do Mondego mas terminou o ensino secundário já no Funchal com 17 anos. Aproveitou uma bolsa de estudo para ir estudar para Santarém, na Escola Superior Agrária, onde tirou o curso de regente agrícola em três anos. “Saí do barco em Lisboa, perguntei onde ficava o comboio e vim para Santarém, atento para não falhar a estação. Dirigi-me de imediato à escola agrícola”, recorda.António Rodrigues teve como primeira actividade profissional uma experiência em Évora, na herdade de Carlos Martins Portas, como tarefeiro, a fazer o levantamento e contagem de plantas, flores e outras culturas em trabalho de campo. Aí conheceu as pessoas certas que o convidaram para integrar a empresa de químicos para a agricultura Rhone-Pulenc. Permaneceu na empresa até esta se ter fundido com a Aventis e, posteriormente, estas terem sido absorvidas pela Bayer. “Se não tivesse tido este caminho profissional gostava de ter sido técnico de electrónica e de automatismos mas a infância revelou-lhe bem cedo o trabalho. “Em miúdo éramos oito irmãos e trabalhávamos a terra para ajudar a família e os pais que eram agricultores. Cultivavam vinha, banana e alguns produtos de horta”.António Rodrigues não fez como a maior parte dos seus colegas de juventude e outros, que emigraram para a Venezuela. Procuravam uma vida melhor e fugir ao serviço militar que mandava jovens para as colónias ultramarinas. Nunca sentiu esse apelo. Acabou por cumprir uma comissão de serviço em Moçambique, na Força Aérea, no comando da terceira região aérea, durante dois anos.No regresso de África estabilizou e casou com a namorada que conheceu na Escola Agrária, Natália Rodrigues, com quem não teve oito mas três filhos, Alexandra, de 36 anos, Miguel, de 30, e Ana, de 21 anos.António Rodrigues nunca pensou ser agricultor. Diz que para isso acontecer tem de acontecer uma de duas situações: herdar terrenos ou adquiri-los. Como nunca sucedeu nenhuma das situações não teve hipótese mas também faz questão de recordar que, para valer a pena, a agricultura deve ser realizada em terrenos de 60 a 100 hectares de dimensão para poder sustentar um agregado de cinco pessoas sem problemas. “Se tivesse tido oportunidade de optar, preferia a cultura do vinho. Dá mais gosto manipular, ver crescer e nascer vinho da uva, vinho da região de qualidade”, exemplifica.
O engenheiro agrícola madeirense que se fixou em Santarém

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