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Novos moradores endinheirados de Santo Estêvão trazem mais dinamismo à freguesia...

Novos moradores endinheirados de Santo Estêvão trazem mais dinamismo à freguesia...

O actual ministro da Saúde, Paulo Macedo, tem casa em Santo Estêvão, Benavente, mas nem isso ajudou a freguesia a manter o único médico que possuía. Santo Estêvão passou a ter mais 500 habitantes no espaço de um ano, mas tem assistido ao desaparecimento de muitos serviços básicos. O presidente da junta, Ricardo Oliveira, fala sobre a freguesia, as urbanizações de luxo e a perda de serviços.

Nem o facto de o actual ministro da Saúde ter casa em Santo Estêvão evitou que a localidade do concelho de Benavente perdesse o único médico que estava de serviço na extensão de saúde local. Paulo Macedo, que tem casa na Herdade do Zambujeiro, era visto habitualmente pela terra, sobretudo no mercado onde ia comprar os produtos da terra para as refeições. Mas desde que está no Governo as suas aparições na freguesia têm sido raras. Se estivesse mais tempo pela zona provavelmente já se teria apercebido que os serviços importantes para a população estão a desaparecer da povoação. Paulo Macedo faz parte dos novos residentes (seja de fim-de-semana seja em permanência) que têm chegado nos últimos anos à freguesia graças à construção de urbanizações de luxo. Um fluxo que tem levado mais dinâmica à freguesia. O presidente da Junta de Freguesia de Santo Estêvão, Ricardo Oliveira (PSD), vê com bons olhos este crescimento que tem trazido uma nova vida à comunidade que estava cada vez mais envelhecida. Mas reconhece que a chegada dos novos moradores endinheirados não trouxeram mais dividendos financeiros para a autarquia. “A junta não obteve benefícios directos com estas novas urbanizações, apesar de receber uma percentagem muito residual de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)”.São cerca de duas mil as pessoas que residem em Santo Estêvão de acordo com os resultados preliminares dos Censos 2011. Em 10 anos, mais de 500 pessoas optaram por residir numa freguesia que ainda conserva um ambiente rural. Muita gente começou a chegar a partir da construção da Ponte Vasco da Gama, em Lisboa, em 1998, que colocou a freguesia a menos de uma hora de distância da capital. Se algumas das casas construídas nos vários empreendimentos de luxo eram só de fim-de-semana, passaram ao longo dos anos a serem a habitação permanente. Os naturais da freguesia sempre se queixaram da indiferença destes novos moradores que passavam pelo centro da vila sem olhar para o lado. Mas o cenário está a mudar segundo o presidente da junta, Ricardo Oliveira, que vê cada vez mais estas pessoas a envolverem-se na vida da comunidade. “São pessoas de trato simples que a um sábado de manhã já vão enchendo o mercado para comprarem peixe, fruta ou legumes”, revela. Os mais novos também participam nas colectividades de Santo Estêvão. Um sinal de renovação são as cerca de 150 crianças que andam na escola primária, jardim-de-infância e creche. Um presidente da junta que vai todos os domingos à missaRicardo Oliveira, 28 anos, cumpre o primeiro mandato como presidente da Junta de Freguesia de Santo Estêvão. É presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Benavente desde 2008. Viveu sempre em Santo Estêvão. Para tirar o curso de Comunicação Social na Universidade de Lisboa levantava-se muitas vezes às 05h00 para apanhar boleia e só regressava a casa já de noite. Durante dois anos trabalhou no Cine Teatro de Benavente, passando depois para uma agência de comunicação em Lisboa. No ano passado foi convidado para ser o director comercial de uma empresa de aluguer de automóveis em Porto Alto, Samora Correia. Sempre gostou de estar envolvido na comunidade e com 21 anos abraçou a organização das Festas de Santo Estêvão durante três anos. Solteiro, assegura que o casamento está para breve. Com fortes convicções religiosas, vai todos os domingos à missa, um momento que o ajuda a preparar-se para o resto da semana. Não esconde a vontade de cumprir mais um mandato como presidente da junta para poder executar alguns projectos. “Deparei-me com uma junta sem dívidas mas administrativamente desorganizada, sem ter sequer a contabilidade organizada. O trabalho de organização tem-nos retirado muito tempo e depois ainda apanhamos com esta crise”, desabafa.... mas população vai perdendo serviços essenciais A extensão de saúde de Foros de Almada encerrou em 2010 e já no ano passado a extensão de Santo Estêvão perdeu o seu único médico. Está já previsto o encerramento da escola do primeiro ciclo de Foros de Almada no próximo ano lectivo. A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Benavente viu-se obrigada a reduzir o número de horas da secção de Santo Estêvão devido às dificuldades económicas. Quem desejar ir a Benavente de autocarro tem apenas três a passarem diariamente em Santo Estêvão. Ricardo Oliveira desaconselha mesmo qualquer pessoa a vir morar para a freguesia se não possuir transporte próprio. O posto da estação de CTT de Santo Estêvão que estava a ser prestado por uma particular num estabelecimento comercial vai encerrar em Julho, mas o presidente da junta garante que já existem candidatos para continuarem a prestar o serviço nas suas lojas. “Infelizmente é pena assistirmos a este crescimento e vermos um conjunto de serviços essenciais a encerrar, mas não é culpa da junta ou sequer da Câmara de Benavente. É uma situação que vai acontecendo por todo o país”, nota.
Novos moradores endinheirados de Santo Estêvão trazem mais dinamismo à freguesia...

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