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Quase meio século ao serviço do folclore e do Rancho do Sorraia

Quase meio século ao serviço do folclore e do Rancho do Sorraia

António Neves está há 47 anos a dirigir o Regional do Sorraia, que ajudou a fundar, e desde 2004 dá nome ao festival de folclore que se realiza durante as Festas de Nossa Senhora do Castelo, em Coruche. Foi dirigente, ensaiador e dançarino.

António Neves ajudou a fundar o Rancho Folclórico Regional do Sorraia em 1965 e nunca mais parou de dançar, ensaiar e dirigir. A ligação profunda ao folclore e ao rancho levaram a que a Assembleia Municipal de Coruche aprovasse, em 2004, por proposta do PSD, dar o nome dele ao festival de folclore das Festas do Castelo, algo que muitos só conseguem a título póstumo. Sempre foi dançarino, o que não quer dizer que não saiba tocar reco-reco ou cana rachada, mas o bichinho que o atacou foi a dança. Nasceu nos Foros do Paul, arredores de Coruche, e cedo começou a frequentar os bailes que havia nas casas agrícolas espalhadas em redor da sede de concelho. “Ia para a Lamarosa, Erra e muitos outros sítios. Os bailaricos estavam cheios de raparigas - as barroas - que vinham de Tomar, Soure, Cantanhede, Pombal e outras localidades, que trabalhavam na monda do arroz em Coruche. Havia sempre namoricos mas com respeito”, garante, com um sorriso.Aos 82 anos, António Neves já não dança tão frequentemente como gostaria. Várias intervenções cirúrgicas feitas ao longo de anos e dores no joelho não ajudam a retomar esse gosto repetido a dançar modas, verde-gaios e fandangos. Actualmente, ajuda mais na apresentação das actuações quando o grupo sobe ao palco, como no sábado em que se cumpriu o 47.º aniversário do Rancho Regional do Sorraia. Ao longo destes 47 anos foram muitas as viagens pelo país e estrangeiro. “Conhecemos França, Espanha, Polónia e, em Julho, está marcada viagem a Itália, além de Portugal de norte a sul. Chegámos a fazer três actuações em três dias seguidos”, recorda, sem esquecer uma ida a Vila do Conde onde fizeram várias apresentações em palco num festival com 64 grupos.António Neves dirige um grupo com cerca de 45 elementos onde não faltam os trajes masculinos de campino, trabalhador, abegão e domingueiro ou os femininos de camponesa, festa, entre outros. A toca tem bilha, ferrinhos, cana rachada, castanholas, reco-reco e dois acordeonistas. As actuações não são tantas como nas décadas anteriores. Há menos dinheiro, menos apoios. O grupo vive de alguns subsídios oficiais e de receitas angariadas em festas, rifas e comes e bebes. Nos momentos solenes, António Neves costuma vestir traje com calça e jaqueta em sorrobeco (tecido próprio dos trajes) castanhos, chapéu de copa alta preto-cinza e bota castanha. Deverá ser assim mais uma presença nas Festas de Coruche, em Agosto, onde dia 15 há mais um festival de folclore com o seu nome.“A política é para os políticos”Com uma vida pública associativa sempre ligada ao folclore e mais de 30 anos na função pública, António Neves diz ter recebido um ou outro convite para se ligar à política. Garante que sempre recusou, viesse de onde viesse o convite, mas afirma-se um homem com ideais de esquerda. Conta que um engenheiro um dia, após o 25 de Abril, lhe disse que a “política é para os políticos”, regra que sempre aplicou na vida.Com uma pequena sala repleta de galhardetes, troféus, taças e fotografias da vida do Rancho Regional do Sorraia exposta em prateleiras e paredes da velha sede no Bairro da Areia, António Neves diz que ainda gostaria de ver nascer um novo espaço para o rancho poder ensaiar e guardar as suas memórias em melhores condições. “Esperamos que seja aprovado pela câmara e pela assembleia municipal um contrato para poder ocupar uma antiga sala de jardim-de-infância e ter uma sede mais condigna para um rancho com a nossa história”, conclui António Neves.
Quase meio século ao serviço do folclore e do Rancho do Sorraia

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