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Indelével Manuel Serra d’Aire

Indelével Manuel Serra d’Aire

Temo pelo futuro do presidente da Câmara de Torres Novas desde que o autarca decidiu afrontar a paróquia local, criando obstáculos burocráticos à realização de uma procissão das velas em Maio que acabou por não se efectuar. Ultimamente tinha ficado famosa a forma pouco diplomática como António Rodrigues tratou a jovem vereadora da CDU numa reunião de câmara, mas nem a minha depravada mente conseguiu imaginar que o edil socialista fosse mais longe e se metesse directamente com a Santa Madre Igreja. Como tu bem sabes, uma coisa é gozar com os comunistas que, coitados, já não comem criancinhas ao pequeno-almoço quanto mais autarcas calejados na arte de construir rotundas e plantar palmeiras. Outra coisa bem diferente e muito mais séria é criar barreiras à realização de uma procissão. Há 500 anos, uma ousadia dessas daria churrasco pela certa, tal o tamanho da heresia. Hoje, talvez Rodrigues se consiga safar com um quarteirão de avé marias e meia dúzia de pais nossos. E é bom que já tenha começado a rezar, porque o poder divino tem muita força, como aliás se comprovou quando a nossa mimosa ministra da Agricultura apelou aos céus para que viesse chuva para acabar com a seca. E não é que a chuva veio mesmo.É por estas e por outras que há quem acredite que o mundo está para acabar, embora felizmente até hoje ninguém tenha acertado na data. Depois de um pobre cidadão ter sido multado num balúrdio por tapar com entulho os buracos de uma estrada em terra batida que dava acesso à barraca onde vivia, lá para as bandas de Azambuja, as zelosas autoridades lusitanas multaram em 995 euros um sapateiro reformado de Vila Franca de Xira que cometeu o hediondo crime de alimentar cães abandonados que andavam junto a uma propriedade de familiares. Perante esta notícia fiquei na dúvida se também é ilegal dar alimentos a seres humanos que não têm abrigo ou se é apenas uma medida anti-canina. Gostava também que as zelosas autoridades que não conseguem erradicar pragas como as dos pombos esclareçam se pode dar-se milho aos ditos? E no jardim zoológico pode dar-se amendoins aos elefantes sem o risco de incorrer em infracção?Em Almeirim aconteceu mais um daqueles fenómenos em que a terra é fértil sempre que o vereador José Carlos é metido ao barulho. Então não é que a senhora que vendia as populares caralhotas nas festas da cidade foi saneada dos festejos deste ano por decisão de uma assembleia composta por associações do concelho que participam nas festas e que, pelos vistos, não gostam da concorrência que as caralhotas fazem aos petiscos das suas tasquinhas.O mais engraçado disto tudo é que as festas são organizadas pelo município, que como pagador da despesa e dono do espaço devia ter a última palavra e decidir quem ia e quem não ia. Só que o zeloso vereador José Carlos rendeu-se à força da assembleia e teve de dobrar a cerviz perante o comité popular, não fossem saneá-lo também. Mas esqueceu-se de um pormenor: é que já diz a História de Portugal que quem se mete com padeiras costuma dar-se mal.E com esta rima me vou. Cumprimentos do Serafim das Neves
Indelével Manuel Serra d’Aire

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