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Chocarreiro Serafim das Neves

O povo indignou-se com a multa que um homem de Vila Franca de Xira apanhou por alimentar cães vadios. Gerou-se uma onda de solidariedade que nem te digo. Confesso que houve alturas em que eu próprio me senti arrastado para a praia da defesa dos canídeos e do sapateiro benfeitor. Alguns incréus olharam para aquele tsunami de boas vontades de forma depreciativa. Para eles, antes de alimentar os cães há que alimentar pessoas que passam fome, imagina!! Enfim...as barbaridades do costume. Pois eu digo-te Serafim, prefiro alimentar cães vadios do que alguns humanos. E falo por experiência própria. Aqui há tempos caí na asneira de perguntar a um pedinte que me abordou se ele queria comer. Nem me respondeu. Entrou lampeiro na pastelaria, refastelou-se numa mesa, mandou vir uma tosta mista, duas sandes de presunto, três pastéis de nata, sumos, café e ainda levou uma caixinha de bolos secos e uns pãezinhos de leite com fiambre para a mãe. Foi a uma segunda-feira. Andei o resto da semana sem um cêntimo no bolso. Nunca mais perguntei nada a ninguém. Nem sequer as horas. Um cão é outra coisa. Trata-se de um animal frugal, como sabes. Uma mão cheia de ração e já está. E, ao contrário dos pedintes e de outros crava-almoços, tem a vantagem de não insistir quando lhe damos um não como resposta.As pessoas que criticaram a actuação da brigada do ambiente a GNR têm razão. Há uma dualidade de critérios gritante. O homem estava a tratar da saúde dos canídeos e veio logo a Guarda, mesmo sem ser chamada. Eu farto-me de chamar a Guarda quando alguns gajos decidem tratar-me da saúde e a Guarda nunca aparece. Está errado. Claro que está errado. Confesso que nessas alturas só me apetece uivar. E às vezes até uivo. Depende do que me roubam e se me dão porrada ou não. Está bem que o tal SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente) é para tratar de coisas ecológicas mas, caramba, há coisa mais poluente que certos gajos que andam por aí a gamar portáteis, telemóveis, fio de cobre e ouro?Essa mania de ultra-protecção da natureza está a alastrar viralmente. Depois da Golegã, foi a vez da Câmara de Almeirim proibir o trânsito automóvel nas estradas do campo durante a noite. Dizem que é para evitar roubos. Como não há portas nem ferrolhos que evitem roubos seja em bancos, lojas, vivendas ou campos, acho que não nos estão a dizer a verdade. Cá por mim estão mas é a proteger o milho e outras culturas dos amantes da vida campestre. Daqueles que gostam de fazer tudo ao ar livre. E não falo só de lutas de amor na terra húmida. Aqui há tempos dei por mim a fazer a adaptação livre de uma poesia popular ucraniana que exalta a ecologia com grande sentimento lírico. Ficou assim: “Que bom çoirar na natureza/ Liberta-se o pensamento/ O trombinhas cheira as flores/ E os tomates dançam ao vento”. Não te esqueças de assinar a petição online a favor da liberdade total de acesso aos campos em www.prazerescampestres.pt.A Câmara de Azambuja comprou um piano aqui há uns anos. Há quem diga que a decisão foi tomada porque o filho do presidente é pianista. Tais insinuações já foram desmentidas há muito tempo. O piano foi comprado para os membros da assembleia municipal porem os casacos quando vão às reuniões. Basta ir lá e ver. Pode dizer-se que era mais barato comprar cabides. Mais barato era, com certeza. Mas como diz a publicidade...não era a mesma coisa, pois não??!! Paris tem a Torre Eiffel. Barcelona tem a Catedral da Sagrada Família, Londres tem o Big-Ben. Azambuja... tem o piano cabide. Um abraço bem pendurado Manuel Serra d’Aire

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