Uma dolorosa memória descritiva
Em 1986, durante as férias de Verão em Santa Catarina (Caldas da Rainha), escrevi os vinte poemas do livro «Transporte Sentimental» que dediquei a Armando Silva Carvalho, Fernando J. B. Martinho e Pedro Tamen. Editado em 1987 sob a chancela da «Espiral», com apoio do Grupo Desportivo do BPA, o livro teve uma segunda edição de 2 mil exemplares em 1999 pelo Departamento de Cultura da CML com capa de Ernesto Matos e coordenação gráfica de António Custódio e José Fidalgo. Lá pelos idos de 2000, numa segunda-feira, tendo entregue o meu trabalho na redacção do jornal O MIRANTE, em Santarém, desloquei-me à minha terra para almoçar com o meu pai. Como levava um pacote de livros oferecidos pela CML, lembrei-me de parar à porta da Escola Secundária de Santa Catarina e procurei falar com algum dos professores de Português. Como não havia nenhum, procurei ser recebido por um elemento do Conselho Directivo mas não esteva ninguém para me receber. Perante a estupefacção da empregada, lá voltei para trás com o pacote dos livros que ninguém quis receber.Passados estes anos percebo como tudo se explica. Primeiro: há professores de Português que não gostam de Literatura e muito menos de Poesia. O que lhes interessa é dar o programa, receber o ordenado ao fim do mês e uma promoção no fim do ano. Segundo: eu estava a querer dar livros e isso era, para quem atendeu o telefone da portaria, obra de algum insólito, ingénuo e incauto. Um autor que oferece livros é suspeito e, por isso, não tive quem quisesse falar comigo. Terceiro: é preciso perceber que a Escola é na minha terra mas os professores estão lá de passagem; entram de manhã e saem à tarde mas nada os liga a Santa Catarina. Hoje, 13 anos e 7 livros depois desse livro, eu já não vou repetir esse lapso. José do Carmo Francisco
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