A última sessão da Assembleia de Freguesia de Alverca foi pautada por um desinteresse generalizado dos eleitos. Muitos preferiram estar à conversa uns com os outros quando algum problema era apresentado. Outros entretinham-se a ler o jornal ou a mexer no telemóvel. Durante duas horas e meia a sessão foi mais política do que prática e valeram as intervenções do público a questionar o presidente Afonso Costa sobre algumas matérias, como o abate de árvores e a falta de protecção ambiental das salinas.O sinal de desinteresse abrangia todas as forças políticas. A indignação dos populares que assistiam à sessão notou-se quando o presidente da mesa interrompeu a sessão durante cinco minutos “para fumar um cigarro”, deixando os presentes à espera de vez para intervirem. Ainda para mais estando na hora destinada às intervenções do público. Quem estava sentado nas cadeiras não poupou nas críticas. “É um desrespeito e uma vergonha o estado em que esta assembleia chegou e penso que as pessoas se deviam revoltar porque aqui não se resolve nada de importante para a cidade”, criticou Aurora Monteiro, em declarações a O MIRANTE. Os populares acabaram mesmo por fazer chegar ao presidente da mesa o seu descontentamento. “É uma vergonha que enquanto se discutem assuntos importantes para a nossa cidade alguns deputados deste órgão prefiram estar sentados a ler o jornal”, criticou Maria Saúde. Também outra moradora na cidade, que usou da palavra, considerou a atitude dos eleitos “aberrante” e lamentou que no meio de tanta política tão pouco tenha sido falado sobre a cidade. O morador Fernando Neves de Carvalho lamentou o abate de árvores e a falta de protecção ambiental das salinas de Alverca. António Coelho lamentou “o péssimo trabalho” feito pela junta no que toca à conservação dos espaços verdes.À margem• Carlos Gonçalves (CDU) acabou por ser o deputado mais motivado da sessão, confrontando Afonso Costa com pequenos assuntos e acusando a bancada socialista de “não defender os interesses da população”, ao não querer discutir a reforma administrativa.• A meio da sessão o presidente da mesa, António Vargas, despiu por momentos a camisola do seu partido para elogiar Afonso Costa. “Estou cansado que se venha para aqui só falar das coisas mal feitas e nunca se fale das que são bem-feitas”, acusou.• Apesar da sessão se realizar no salão nobre dos bombeiros não se viu um único soldado da paz no auditório. A maioria preferiu estar na sala de convívio e nos corredores do quartel.• A CDU propôs a discussão da reforma administrativa mas esta foi recusada pela maioria PS. O Bloco de Esquerda apresentou uma proposta para a construção do primeiro troço de uma ciclovia na cidade de Alverca. Na sessão foi ainda aprovada por unanimidade uma moção apresentada pelo BE para criação de hortas sociais em Alverca.