A bata branca que a pequena Matilde enverga é da bisavó, Maria Júlia, aluna de uma escola de outros tempos onde as meninas permaneciam de um lado e os meninos de outro. A turma vestida com o rigor dos anos austeros da cartilha maternal integrou o desfile etnográfico que fez encher as ruas no sábado de manhã, durante as Festas da Cidade do Cartaxo. Campinos a conduzir cabrestos e cavaleiros desfilaram enquadrados entre janelas e varandas engalanadas ao ritmo da fanfarra dos bombeiros. Não faltou fado nem copos de vinho. Os senhores da terra vestiram o traje domingueiro para ir à missa e as criadas da família desfilaram com tabuleiros. Saíram à rua as senhoras mais abastadas, patrões e outras mulheres mais humildes carregando molhos de vides, quartas de água e cestos de vindimas à cabeça. Das bandas do rio, de Valada, vieram os pescadores. O desfile etnográfico é também uma homenagem a Vítor Jarego, que faleceu há dois anos e foi um dos grandes impulsionadores da iniciativa integrada nas festas da cidade, salienta César Vasconcelos, vice-presidente da Associação Gentes do Cartaxo. Ao contrário do que acontece em outros concelhos a festa é uma organização da associação que conta com o apoio das forças vivas do concelho. Ana Santiago