Há quarenta e dois anos, no âmbito de uma disciplina que se chamava qualquer coisa como “Organização Política e Administrativa da Nação” (No tempo do Governo Marcelo Caetano, antes do 25 de Abril, um professor levou a minha turma à Assembleia Nacional. Com os meus 14 anos de idade fiquei espantado por ver que ninguém ligava aos oradores. Os deputados conversavam entre si, liam jornais, dormitavam...Após a revolução assisti a debates políticos intensos entre pessoas empenhadas em encontrar soluções para um Portugal atrasado. Há muitos anos que tenho vindo a verificar que nas assembleias, quer na da República, quer nas municipais, os eleitos comportam-se como os antigos deputados de outros tempos. Sinal claro que a democracia está a ir pelo cano e que a culpa não é só dos partidos políticos que escolhem quem nos apresentam para elegermos, mas de todos nós que devíamos ser mais críticos. O MIRANTE fez um bom trabalho ao denunciar este regabofe de pessoas que recebem senhas de presença pagas pelos contribuintes e que em vez de discutirem e procurarem soluções para os problemas passam o tempo a gozar com quem os elegeu.Francisco Alcobia