
Atitudes da presidente geram guerra na Junta de Vila Franca
Oposição em maioria na autarquia avisa Ana Câncio que não pode continuar a ignorar os eleitos
Os partidos da oposição queixam-se de “totalitarismo” e “falta de diálogo” por parte da presidente socialista Ana Câncio. A Coligação Novo Rumo tem um acordo com o PS mas pode vir a rompê-lo deixando os socialistas numa posição de inferioridade na assembleia de freguesia.
As relações entre a oposição em maioria na Junta de Vila Franca de Xira e a presidente Ana Câncio estão estremadas. Os opositores avisam que a autarca deve começar a dialogar e a cooperar, lembrando que o PS não tem maioria na assembleia de freguesia. A Coligação Novo Rumo, liderada pelo PSD, e a CDU não afasta a possibilidade de apresentar moções de censura que apenas terão um efeito político. Para provocar eleições intercalares era necessário que toda a oposição renunciasse aos cargos provocando a falta de quórum. A coligação para já não avança com esse cenário, mas a CDU está disponível para tomar essa posição. O clima de tensão fez-se sentir na última assembleia de freguesia de Vila Franca de Xira. O acordo eleitoral feito pelo anterior presidente José Fidalgo, que saiu a meio do mandato, com a Coligação Novo Rumo - que permitia ao PS ter maioria na assembleia - está por um fio. O presidente da mesa, Orlando Sequeira (Novo Rumo), já cortou relações com Ana Câncio. A CDU e o Bloco de Esquerda dizem que estão contra a gestão da socialista e queixam-se de não serem envolvidos na discussão das matérias. Desde as últimas eleições que sete elementos do PS já renunciaram aos seus mandatos, a maioria desde que Câncio tomou posse. Depois da última assembleia saiu o socialista João Amaral (ver caixa).“ O executivo da junta tem de saber que não tem maioria e que o acordo que foi feito foi rubricado com o anterior presidente. A forma como nos tratam não é próprio. Não somos chamados a discutir seja o que for, a junta nunca dialoga connosco”, lamenta António Matos (Novo Rumo). O eleito da CDU, Carlos Romano, diz mesmo que a atitude de Ana Câncio é de arrogância. “É importante que o PS reflicta porque não somos uma muleta de continuidade deste executivo”, aponta Carlos Romano. O socialista João Trindade, líder da bancada do PS, prefere não comentar o que classifica de “especulações”. Rosinha pede “responsabilidade e serenidade”A presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha (PS) confirma que tem falado com Ana Câncio sobre a possibilidade de ser apresentada uma moção de censura ao executivo da junta e pede responsabilidade e serenidade aos deputados. “Estamos a aproximar-nos de um momento eleitoral e começam a agitar-se muitos nervos. Vale a pena ter responsabilidade”, disse a O MIRANTE. A presidente do município diz que o executivo em funções foi eleito pela população e que por isso deve ser deixado a trabalhar. “É um executivo que tem tido alguns ajustamentos, é verdade, mas isso pode acontecer em qualquer lugar. O que eu recomendo é serenidade”.João Amaral renuncia ao mandatoO primeiro secretário da mesa da assembleia de freguesia de Vila Franca, o socialista João Amaral, renunciou ao seu mandato depois do seu partido não ter apontado ninguém para o substituir no cargo. João Amaral pretendia abandonar a posição de primeiro secretário para passar a ser apenas eleito da assembleia. Nenhuma bancada indicou um substituto, incluindo a do PS. “O que se vê aqui hoje não dignifica o baluarte da democracia, não foi para isto que eu fui eleito. O que está a acontecer com todas as bancadas não dignifica esta casa”, condenou em plena assembleia.

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