uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
“Digo que cada concerto é o último porque tenho a consciência que não sou eterno”

“Digo que cada concerto é o último porque tenho a consciência que não sou eterno”

Pedro Barroso de novo no palco da Bênção do Gado depois de há oito anos ter oferecido a sua primeira guitarra ao Museu de Riachos

O cantor que andou pelo mundo sem nunca perder de vista a sua terra, onde o povo o sente como património seu e lhe dedica um carinho especial, vai ter em palco consigo como convidado especial o seu filho “mais riachense”, Nuno Barroso, que depois dos Além-Mar trilha actualmente uma carreira como pianista.

Na Festa da Bênção do Gado de 2004, Pedro Barroso despediu-se como se aquele fosse o último concerto que dava na sua terra. Num gesto simbólico entregou ao director do Museu Agrícola de Riachos, Luís Mota, a sua primeira viola de 12 cordas. “Não é uma alfaia agrícola mas é uma alfaia de um artista de Riachos, justificou. Oito anos depois, Pedro Barroso volta a subir ao palco da Festa da Bênção do Gado, na noite de 28 de Julho, para uma nova despedida. “Já tenho uma certa idade e por conselho médico deixei de dar grandes concertos. Pode dizer-se que acabei com eles antes que eles acabassem comigo. Mas como posso deixar de subir ao palco da Festa da minha terra?”.O artista (autor, cantor, pintor, poeta) sabe que cada reencontro com a sua gente tem uma componente emocional muito forte mas sente-se nas suas palavras que lhe era impossível dizer que não. “Despeço-me de cada vez como se fosse para sempre porque nunca sei quando será para sempre. Mas só aceitei cantar nesta festa porque me sinto bem. Sou muito rigoroso e exigente comigo mesmo. Nunca andarei a arrastar-me pelos palcos quando perceber que desafino ou que já não atino com as canções. O meu público respeita-me e eu respeito o meu público. Temos este compromisso até ao fim”, diz.Pedro Barroso confessa que os aplausos lhe fazem muita falta e que vai sofrer se alguma vez eles lhe faltarem. Sobre o espectáculo da Festa da Bênção do Gado vai fazer os que tem feito nos últimos anos. Revisitar as canções de quarenta anos de carreira e prestar homenagem a muitos companheiros de estrada cantando canções que “não podem morrer”. Temas de Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, Francisco Fanhais, António Macedo ou Manuel Freire. “É uma espécie de registo de memória para o futuro”, explica.É quase certo que Pedro Barroso tenha durante alguns momentos em palco, para além dos seus músicos, o filho Nuno Barroso que começou como cantor Pop com os Além-Mar em Riachos e que enveredou por uma carreira como pianista tendo lançado este ano o CD “Música Mundi”. “É o mais riachense dos meus filhos. Tive pena que não tivesse sido convidado para tocar na festa mas compreendo que sendo esta uma festa popular não seria o palco mais indicado para o trabalho actual dele. Irei convidá-lo para tocar um ou dois temas no meu espectáculo”, diz Pedro Barroso com orgulho.E por falar em despedidas, o cantor, que fez dois grandes concertos há três anos, para celebrar os 40 anos de carreira (um no S. Luís em Lisboa e outro no Teatro Virgínia em Torres Novas), aproveita para anunciar um concerto “de despedida” no Rivoli, no Porto, dia 2 de Outubro. “Aí vou ter que aguentar pelo menos duas horas”. E se calhar em Riachos também porque é pouco provável que o deixem sair de cena ao fim da hora e meia que tem planeada.
“Digo que cada concerto é o último porque tenho a consciência que não sou eterno”

Mais Notícias

    A carregar...