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61 anos, empresário, Porto Alto (Benavente)

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António Soares

Hoje se perguntarmos a uma criança de Lisboa onde fica Vila Franca de Xira, ela não sabe se é a norte ou a sul. O que vale é a internet onde podem pesquisar estas e outras coisas e que no meu tempo não havia.

O que acha do caso da licenciatura do ministro Miguel Relvas?Mostra a índole da pessoa. Relvas podia ter a quarta classe e ser um excelente governante. Mas os portugueses ainda gostam muito de prestar vénia aos “doutores” e “engenheiros”. Temos o exemplo do ex-presidente brasileiro Lula da Silva que não tem grandes estudos mas fez um bom trabalho. Somos o país das cunhas. Na escola primária foi obrigado a decorar o nome dos apeadeiros das linhas caminho-ferro?Não tive de decorar os apeadeiros, mas tinha de saber todas as estações principais e identificá-las no mapa (risos). Na altura o ensino era muito bom e ficávamos com bastantes conhecimentos. Hoje se perguntarmos a uma criança de Lisboa onde fica Vila Franca de Xira, ela não sabe se é a norte ou a sul. O que vale é a internet onde podem pesquisar estas e outras coisas e que no meu tempo não havia.Consegue aguentar muitos dias sem ir à internet?Não me considero viciado, mas sou obrigado a ver todos os dias a caixa de correio electrónico. Perde-se muito tempo na internet, é viciante, e acabamos por gastar tempo que nos pode ser precioso. São muitas distracções! É viciado no trabalho?Se eu fosse rico não trabalhava. Já nem sequer trabalho para viver, mas para sobreviver. Se tivesse tempo livre, aproveitava para ler, por exemplo. Gosto imenso de ler livros técnicos sobre mecânica e construção civil e de vez em quando também aprecio um bom romance. O último que li foi “O Último Segredo”, de José Rodrigues dos Santos. Acredita nas pessoas?Sou uma pessoa muito crédula e distraída, o que agrava a situação (risos). Quando me querem enganar, conseguem-no sempre. Começo a falar com as pessoas e estas facilmente entram no meu coração. Depois tenho as consequências. Há coisas que são genéticas, por mais que se aprenda, é difícil mudar. Já alguma vez foi à bruxa?Não, mas se tivesse em apuros até era capaz de ir. Nem acredito nem deixo de acreditar. Tenho muito respeito. Confesso que já passei por situações que não são normais. Como não bebo, nem tomo drogas, vejo tanta coisa acontecer que só pode ser do além...Qual é o português que mais admira?Os meus dois filhos. Nunca me envergonharam e são o que mais estimo na minha vida. O que acha do bairrismo que leva a divisões entre Samora Correia e Benavente?Não aceito muito bem porque sou mais de agrupar do que de dividir. O bairrismo divide as pessoas e isso não traz mais nenhuma valia. Sou administrador de condomínios e costumo comparar um condomínio a um país em miniatura. Está ali tudo, desde o pobre, ao rico, ao malandro ou ao inteligente. No concelho, as pessoas de Samora, Porto Alto ou Benavente são muito diferentes entre si. É incrível como tão perto se encontram pessoas tão diferentes. A morte assusta-o?Todos passamos por momentos em que pensamos que seria melhor estarmos mortos porque a vida também traz muito sofrimento. Encaro a morte como encaro o repouso que precisamos quando chegamos ao fim do dia a casa depois do trabalho. Custa-me é imaginar que quando chegar a velho não terei assistência. O actual nível de vida está de tal modo que os nossos filhos por muito que queiram nem sequer têm oportunidade para nos prestar a melhor assistência. Eu ainda consegui ajudar os meus pais.
61 anos, empresário, Porto Alto (Benavente)

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