Há quatro anos e meio que Jorge Santinho lidera a comissão administrativa que gere o Grupo Desportivo de Benavente (GDB). Está de saída e embora um jovem de Benavente já tenha manifestado interesse em agarrar no clube ainda não existem certezas. O nível de despesas actuais dos clubes é de tal ordem que Jorge Santinho acredita que muitos vão acabar por desaparecer. O GDB tem vindo a ser gerido por um grupo de jogadores da equipa sénior do clube. “Todos os anos é a mesma coisa, esperamos para ver se aparece alguém, mas nada. O meu tempo chegou ao fim, estou cansado, e é definitiva a saída da comissão administrativa”, explica Jorge Santinho. No ano em que o clube comemora o 62º aniversário, Jorge Santinho sente que os benaventenses gostam do clube mas não estão para dores de cabeça. Foram muitos os jogos no campo do clube, o Portas do Sol, onde Jorge Santinho e os colegas tiveram de andar a marcar o campo ou a cortar a relva antes de vestirem o equipamento de jogadores. Um trabalho que não invalidou contudo de se conquistarem os melhores resultados dos últimos anos nas camadas jovens e na equipa sénior que arrecadou o quarto lugar na divisão de honra da associação de futebol de Santarém. A situação económica está equilibrada e as dívidas são praticamente nulas. “Temos algumas contas a pagar, mas aguardamos pelo subsídio da câmara que vai colmatar esses valores”, explica. Esta ausência de liderança prejudica o GDB que por esta altura já deveria estar a planear a próxima época. “Todos os anos começamos atrasados porque estamos sempre a ver se aparece alguém para agarrar no GDB e depois se começamos mal é muito difícil sair do buraco”, nota Jorge Santinho. Um jovem de Benavente já mostrou interesse em pegar no clube e esta é a esperança da actual comissão administrativa que só se mantém em funções até Setembro. Futuro imprevisível para clubes pequenosDurante o campeonato, o GDB esteve perto de subir à terceira divisão nacional. “Já mal nos aguentamos no distrital, não temos dinheiro para jogar nos nacionais”, repara Jorge Santinho. Para além dos cortes do subsídio da autarquia, o clube tem sentido o efeito do aumento do IVA na electricidade. De uma conta mensal de 400 euros, passaram a pagar 600. “Quando não há dinheiro, dois tostões fazem falta”, disse. Por jogo têm de pagar quase 300 euros e as receitas que vêm da bilheteira e do bar são praticamente inexistentes. Dos cerca de 400 sócios, conseguem ter as quotas pagas graças ao trabalho incansável do cobrador António Castanheira que não recebe qualquer dinheiro. Mesmo os subsídios simbólicos que os jogadores seniores e treinadores recebem são cada vez mais difíceis de pagar. O clube que só tem o futebol, movimenta actualmente cerca de 150 atletas.