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Ciclópico Manuel Serra d’Aire

Também fui apreciar o parque de esculturas da Barquinha e vim de lá maravilhado com a obra feita. Acima de tudo fez-me pensar como descuidados e desbocados somos nós, leigos na matéria, quando nos armamos em críticos. Perante o que vi à beira do Tejo na Barquinha cheguei a uma conclusão: quem anda a chamar mamarracho ao esqueleto de betão armado à beira-rio em Santarém devia ser preso por incultura e analfabetismo estético. Aquele aglomerado de cimento e ferro armado que devia ter sido um hotel só necessita da imprescindível placa explicativa para contextualizar a obra de arte que ali está e que, embora se veja ao longe, também merece ser visitada por ti e pelo teu cão Mondego.Do outro lado do Tejo, o presidente da Câmara de Almeirim, há 23 anos no cargo, diz que está farto. Farto, entenda-se, do trabalho autárquico que o obriga a aturar as impertinentes perguntas da oposição na câmara e na assembleia municipal, pelo que decidiu deixá-los sem resposta nas sessões. Se querem esclarecimentos, façam as perguntas por escrito porque o autarca não está para se “chatear muito”. Isto da democracia é realmente uma chatice e há que lhe dar rédea curta.Como eu compreendo o socialista Sousa Gomes, obrigado ao longo de mais de duas décadas a suportar as queixas dos munícipes, os almoços e jantares de campanha eleitoral, as febras e as sardinhas assadas, os beijos de velhas e criancinhas, e até a ingratidão de antigos camaradas de luta que tiveram o desplante de o tentar apear das funções que agora tanto o chateiam. Como se ele não soubesse sair pelo seu pé...Ser autarca é uma profissão de desgaste rápido. Talvez por isso tenha aparecido em boa hora a lei de limitação de mandatos que impede a erosão física e mental de tantos homens bons e abnegados que deram o seu melhor à causa pública. Com essa benfazeja legislação, Sousa Gomes está livre de ser presidente da câmara por mais quatro anos. Pelo menos em Almeirim. Assim deixará de se chatear e poderá descansar longe das agruras do poder que, vá lá saber-se porquê, continua a atrair tanta gente bem intencionada e desprendida dos valores materiais. Não percebo toda esta confusão em volta da licenciatura do ministro Miguel Relvas. Primeiro que tudo, não percebo por que raio se deu o homem ao trabalho e à despesa de ir tirar um curso superior se neste país ser doutor, hoje em dia, não é estatuto que se recomende nem condição necessária para se estar bem na vida. Por outro lado, não vejo qual é o problema de o ministro de Tomar ter tirado a licenciatura num ano, com base no seu currículo profissional. Eu próprio estou a pensar em aproveitar estas novas oportunidades criadas pelo chamado processo de Bolonha para também conquistar finalmente o título de dr. que penso ficar-me a matar. Afinal de contas sou administrador do meu condomínio há uma carrada de anos o que, só por si, deve dar para fazer pelo menos metade das cadeiras.Termino aqui esta reflexão assisada, enviando saudações académicas do Serafim das Neves

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