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“Nunca olho para o problema sem de imediato ir procurar uma solução”

“Nunca olho para o problema sem de imediato ir procurar uma solução”

Marina Ladeiras, 55 anos, directora da empresa Águas de Santarém

Marina Ladeiras, 55 anos, é a directora das Águas de Santarém. Vive em Cascais mas a viagem longa que faz todos os dias não lhe pesa porque é apaixonada pelo trabalho. Sempre foi profissionalmente muito activa mas nunca descurou a família. Licenciou-se já os filhos eram crescidos. Gosta de ler e de ir ao teatro mas actualmente a sua prioridade vai para os três netos com que faz questão de estar ao fim de semana.

Moro em Cascais e trabalho em Santarém mas para chegar ao emprego demoro o mesmo tempo que levava quando trabalhava em Lisboa. Hoje as distâncias são relativas. A viagem não me é pesada. Gosto de conduzir. Levanto-me por volta das seis da manhã e normalmente trabalho 10 a 12 horas. Janto e muitas vezes ainda trabalho a seguir para deixar algumas coisas preparadas para o dia seguinte. Adoro o que faço mas nunca deixei a família para trás por causa do trabalho. A minha vida profissional tem para mim grande importância. Fiz todo o meu percurso profissional ligada ao serviço público e ao abastecimento de água e saneamento. Trabalhei 31 anos em Cascais, perto de casa. Sempre acompanhei muito os meus filhos. No topo das minhas prioridades estão os meus três netos. Aos fins de semana, sempre que é possível, vamos buscá-los. Todas as nossas actividades são desenvolvidas em redor das coisas que duas crianças com oito anos podem fazer. Já vamos adaptando actividades ao mais novo que tem um ano. Tentamos fazer coisas que os ajudem crescer neste mundo difícil confrontando-os com valores e com a história do país.Licenciei-me já adulta e com os meus filhos crescidos. Foi um projecto que abandonei em prol de ter querido uma família e filhos. Dediquei-me a eles em pleno mas ficou sempre essa vontade. Assim que tive essas condições reunidas voltei para a faculdade. Tinha 39 anos. Alguns dos meus colegas de curso do ISTE eram mais novos que os meus próprios filhos. Muitos olham para mim como uma segunda mãe. As mulheres têm que trabalhar mais e quem disser o contrário não está atento. No mundo do trabalho, independentemente de todas as evoluções, quando as mulheres chegam a certos patamares, como àquele onde cheguei, têm que provar muito mais. A mulher continua a ser muito educada para tudo o que envolve a família, a educação dos filhos e a vida do marido. Isso exige da mulher um esforço maior. Nunca vou para um supermercado sem levar uma lista. Comecei a fazê-lo por necessidade de gastar o menor tempo nessa tarefa. Adoro cozinhar se tiver muitas pessoas em casa. Caso contrário faço refeições simples. Aspirar é o que faço com maior sacrifício. Hoje em dia tenho ajuda, porque posso despender desse dinheiro, mas só uma vez por semana. Lá em casa sou só e e o meu marido. Somos metódicos nas tarefas porque ambos trabalhamos muito. Há alguns anos era capaz de entrar num centro comercial às 10h00 com uma amiga e sair de lá de noite. Hoje nem consigo equacionar como fui capaz de o fazer. Foi a minha ida para o Brasil que me chamou a atenção para o comércio tradicional porque estava tudo muito distante. Faço as minhas compras no centro histórico de Santarém. Vejo com tristeza que todos os dias fecham lojas. Nunca olho para um problema sem de imediato ir procurar uma solução. Acho que herdei esta característica da minha mãe. Não consigo render-me. Sou optimista. Gosto muito da vida. Tive momentos muito difíceis na minha vida mas não fui capaz de abater com eles. Só fui capaz de crescer. Normalmente ponho as minhas obrigações à frente dos meus direitos. Sou daquelas pessoas que acredita que se cumprir e corresponder, quer à família, quer em termos profissionais, terei a compensação. As pessoas olham para a água como um bem inesgotável o que não é verdade. A água está disponível na natureza mas é um bem escasso. Apenas um por cento da água do planeta reúne as condições para consumo humano. Temos que aprender a dar valor à água caso contrário vamos esgotá-la e a factura vai ser agravada. Estou a ler um livro sobre como será o mundo em 2050. É de um cientista que faz uma uma previsão sobre aquilo que pode vir a ser o nosso planeta nessa altura. Não podemos meter a cabeça debaixo da areia. É preferível conhecer a realidade para poder inverter esse processo. Quando estive no Brasil a trabalhar tinha que fazer 140 quilómetros para ir ao teatro ao Rio de Janeiro. A peça que mais me marcou foi a de um casal que envelhece quarenta anos em palco. Vi-a há quatro anos no Teatro Tivoli. Apenas vestem e despem um casaco e o jogo de luzes faz o resto. A força está na mensagem do quotidiano que conseguiram transmitir fazendo muitos casais reverem-se naquelas cenas.Ana Santiago
“Nunca olho para o problema sem de imediato ir procurar uma solução”

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