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Sérgio Dias campeão do Mundo de Triatlo Longo

Atleta do Núcleo Sportinguista da Golegã conquistou a única medalha de ouro para Portugal na Prova disputada em Espanha

Sérgio Dias vive, trabalha e treina em Lisboa, representa o Núcleo Sportinguista do Concelho da Golegã, um clube que é para ele como se fosse uma família. Destacou-se ao vencer no escalão de 35-39 anos o Campeonato do Mundo de Triatlo Longo. Mas não se considera um super homem. “Sou mais uma pessoa responsável que gosta de treinar e competir. Gosto de ultrapassar barreiras e chegar ao título mundial foi atingir um objectivo que estava bem longe do meu pensamento”.

Sérgio Dias começou a praticar triatlo na equipa do Instituto Superior Técnico, quando ali começou a estudar. Depois de acabar os estudos rumou à sua terra natal, Peniche e juntamente com alguns amigos formou uma equipa de triatlo. “A Tri Oeste que funcionou durante meia dúzia de anos, era uma equipa onde os atletas faziam tudo. Como tudo na vida tem um ciclo, que na Tri Oeste terminou há dois anos, surgiu o Núcleo da Golegã, onde estou feliz da vida”.“Até hoje o Núcleo Sportinguista da Golegã é a única equipa verdadeiramente organizada onde competi”, diz Sérgio Dias que chegou ao clube goleganense pela amizade que o unia ao dirigente Jaime Rosa, ao treinador João Mascarenhas e aos atletas Pedro Quintela e Sónia Quintela, que foi medalha de bronze em Espanha.O novo Campeão do Mundo não se cansa de destacar o espírito de verdadeira família que se vive no clube da Golegã. “Para mim é no espírito de partilha e ajuda que se vive na grande família do Núcleo Sportinguista da Golegã que reside a sua grandeza. Dirigentes, treinadores e atletas do mais velho ao mais novo, toda a gente vibra com as vitórias dos companheiros com um espírito de entreajuda que não tem paralelo”, garante Sérgio Dias.O Núcleo da Golegã está entre os clubes de triatlo com melhor organização e em termos de resultados desde a formação ao mais velhos. É uma equipa bastante completa. “Isso também se deve muito ao treinador João Mascarenhas, que é tudo aquilo que os treinadores deviam ser. É um pai quando o tem que ser para os miúdos, mas é também uma pessoa que está de “chicote” na mão quando é obrigado a fazê-los trabalhar. E isto é também extensível aos adultos. É bastante profissional naquilo que faz e isso é também decisivo para a vontade de qualquer atleta”. Fazer triatlo é para qualquer atleta um desafio, é uma superação pessoal. “No início as pessoas começam a fazer distâncias mais curtas e mesmo aí o que é acessível a pessoas já experientes, mas é aliciante, e torna-se quase um vício. A longa distância é mesmo a superação total”, garante o campeão.Sérgio Dias não é só um atleta do triatlo longo, continua a fazer todas as vertentes da modalidade. “É na longa distância que me sinto melhor, mas gosto muito de fazer as provas mais curtas, é uma injecção de adrenalina mais rápida, que nos coloca rapidamente no auge do esforço. São situações diferentes mas igualmente aliciantes”.Não é fácil treinar na zona de Lisboa para uma prova de triatlo, mas Sérgio Dias ainda consegue dizer que é um privilegiado. “Trabalho em Oeiras, perto do Estádio Nacional e é aí que começo cedo o meu treino. Antes de ir para o escritório vou correr ou nadar no complexo desportivo do Jamor. À tarde volto e faço mais um treino. O pior é o ciclismo. Andar de bicicleta na Estrada Marginal ou na nacional, não é uma tarefa fácil, mas vamos conseguindo assim atingir uma boa forma”.Treinar para o Campeonato do Mundo de Triatlo de Longa Distância não é uma odisseia para Sérgio Dias. “Não é uma odisseia, temos que estipular um método de trabalho, no meu caso sou mais por fazer um treino regular durante meses do que fazer treinos demasiado duros em alturas de provas. É assim que faço e tenho-me sentido bem com isso”, garantiu.Senti que podia fazer uma boa prova no mundial durante o treino da vésperaFazer uma prova com estas distâncias é um grande desafio. Para os atletas chegar ao fim da prova já é uma vitória. Mas Sérgio Dias garante que começou a acreditar que podia fazer um bom campeonato na véspera da prova. “É sempre uma grande incógnita, é uma prova que dura seis horas tempo em que tudo pode acontecer, um desfalecimento, um furo ou uma avaria mecânica. Por mim só comecei a sentir que estava bem no treino de descontracção que fazemos na véspera da competição, senti-me bem e fiquei muito descontraído e isso reflectiu-se durante a prova”.Não há provas de triatlo fáceis, mas uma prova de triatlo longo como esta onde Sérgio Dias foi campeão do mundo, é terrivelmente difícil, são quatro quilómetros de natação, 120 quilómetros de ciclismo e 30 quilómetros de corrida. “É uma prova em que colocamos em campo toda a nossa força e toda a nossa vontade. Chegar ao fim já é uma vitória. Vencer como eu fiz é qualquer coisa de extraordinário, nem consigo expressar o que senti quando cortei a meta e vi que tinha sido campeão. Foi um momento inolvidável, saudado por todos os meus amigos do núcleo, como se a vitória tivesse sido também deles”, disse com orgulho Sérgio Dias.Sérgio Dias já tem outras vitórias e muitos lugares de pódio em várias provas nacionais. Este ano no campeonato nacional absoluto, disputado em Aveiro, foi quarto classificado, ficou atrás de Duarte Marques, José Estrangeiro e Vasco Pessoa, todos eles atletas jovens que estão no auge das suas carreiras. A sua ida ao Campeonato do Mundo passou por umas provas de selecção onde realizou todos os parâmetros, daí a sua representação de Portugal na prova.A participação dos atletas nestas provas é a expensas próprias. A Federação dá o apoio logístico. O Núcleo Sportinguista da Golegã, deu um apoio excepcional. “Fomos numa carrinha do clube e em grupo o que foi muito bom para todos nós”. Sónia Quintela conquistou também uma medalha de bronze, situação que levou a que o Núcleo da Golegã fosse a única equipa com duas medalhas conquistadas no mundial.Um engenheiro apaixonado pelo triatlo Sérgio Dias tem 34 anos, é natural de Peniche, apaixonou-se pelo Triatlo há mais de 12 anos e conta com o apoio da namorada também ela praticante da modalidade. É sportinguista não ferrenho, gosta de ler, mas lê mais livros relacionados com a sua profissão, ao nível das telecomunicações. Gosta de cinema. Não vai tantas vezes quantas queria, mas ainda há poucos dias foi ao cinema ver o filme “Batman” e não foi pelas tristes razões do que se passou na América.O desporto no seu todo é o seu grande hobie. Até a petanca ou o curling lhe despertam a atenção. Mas é sobretudo das horas de convívio com os companheiros do triatlo que guarda os melhores momentos. “O convívio fora das provas em almoços ou jantares é uma prova da grande amizade que se vive no dia-a-dia do triatlo”.

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