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Governo rescinde contrato de investimento da RPP Solar

Alexandre Alves anda há anos a prometer o arranque das fábricas

O empresário diz agora que nunca entregou a documentação necessária para conseguir os incentivos porque não confia no governo actual nem confiava no anterior e sempre receou que o segredo do negócio fosse parar à concorrência.

O Estado decidiu rescindir o contrato de investimento da RPP Solar para um projecto de mil milhões de euros que previa a criação de quase dois mil empregos em seis fábricas de energia solar a construir em Abrantes. O Governo argumenta que a empresa não cumpriu os prazos estipulados e não demonstra manter as condições de financiamento necessárias à sua concretização. A empresa estaria assim obrigada a devolver o dinheiro mas o responsável da RPP Solar, Alexandre Alves, diz que ainda não recebeu um cêntimo.Mesmo sem apoio dos fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional, Alexandre Alves tem esperança de conseguir concretizar o investimento e garante que duas das seis fábricas arrancam em Janeiro com 800 funcionários e 107 milhões de euros, mais 78 milhões de euros em equipamento, financiado pelos próprios fornecedores. Numa fase inicial, ainda em Outubro deste ano, Alexandre Alves assegura que vão estar a trabalhar 369 pessoas, 70 das quais engenheiros.O empresário disse que nunca contou realmente com os incentivos acordados de 67 milhões de euros para equipamentos e 70 milhões em incentivos fiscais com base nos lucros futuros porque conhece bem o país onde vive, revelando que não entregou todos os elementos pedidos pelo Governo. “Não temos confiança nem neste nem no anterior Governo. Eles queriam ficar na posse dos elementos que considero fundamentais para o meu negócio: onde me vou financiar, quem são os meus clientes. Isso ia parar imediatamente à mão da concorrência”, declarou Alexandre Alves à Lusa.O projecto tem sido consecutivamente adiado com renovadas promessas do empresário que só avançou ainda com uma fábrica, segundo a autarquia. O início da produção estava anunciada para 2010, atraso que chegou a levar o executivo da Câmara de Abrantes, de maioria socialista, a propor a caducidade do alvará de licenciamento daquela unidade industrial pela não conclusão das obras no prazo fixado na licença. A presidente, Maria do Céu Albuquerque, que em 2011 pressionou o empresário questionando-o sobre a recalendarização do investimento, disse a O MIRANTE que pondera agir judicialmente caso a área não seja usada para o que está definido. O terreno de 82 hectares está localizado na Concavada, Abrantes, e custou um milhão de euros ao município que o alienou à empresa por 100 mil euros para impulsionar o investimento.OpiniãoA TRM, uma empresa e um exemploAntónio CastelbrancoNo mês passado, foi publicada uma notícia que por aqui passou despercebida mas que interessa e orgulha Abrantes. A TRM, uma empresa da área da metalo-mecânica, foi referenciada pela revista EXAME como uma das nossas 100 melhores empresas nacionais exportadoras que mais cresceu nos últimos 3 anos e oitava no ranking das indústrias transformadoras.Esta nomeação é importante por várias razões. Em 1º lugar porque a TRM exporta e exporta muito - num sector altamente competitivo que é o da indústria automóvel _ o que significa a entrada de divisas para Portugal e a capacidade de competir e de vencer lá fora. Em 2º lugar porque a TRM é uma empresa que nasceu e cresceu em Abrantes dando emprego a mais de 150 trabalhadores e assegurando a sustentabilidade da base laboral e económica de Abrantes e em 3º lugar porque a TRM é uma empresa que foi inventada, construída e gerida pelo empresário Domingos Chambel. Um homem que também nasceu e cresceu em Abrantes .Mas será interessante notar que o empresário Domingos Chambel já foi convidado e aliciado para deslocalizar a TRM para terras longínquas, para países do leste da Europa que são mais próximos das fábricas para onde são exportados os produtos tratados em Abrantes. Esta prática de aliciamento de empresas é comum num universo empresarial cada vez mais competitivo. É a estratégia do “quem dá mais” e num mundo onde as fronteiras vão desaparecendo e onde o que conta são os lucros, é notável que o Domingos se mantenha fiel à sua terra.

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